O Náutico teve dois técnicos no brasileirão. O primeiro foi Paulo Cesar Gusmão. Ele foi muito bem. Jogou 8 jogos, conseguiu 1 vitória e 2 empates. 5 pontos de 24 disputados, pífios 21% de aproveitamento.
Roberto Fernandes assumiu o time na nona rodada, empatando fora de casa com o Atlético Paranaense. E desde o dia do anúncio da sua contratação, ele mostrou ser um profundo conhecedor do time e um profundo conhecedor do campeonato brasileiro, incluindo a realidade dos times "pequenos". Desde o início ele se mostrou preocupado única e exclusivamente com a zona de rebaixamento.
Isso tudo sem ter comandado nenhuma equipe na Série A - Fernandes é pernambucano, dirigiu equipes intermediárias de Pernambuco e do futebol paulista - estava no Brasiliense quando foi para o Náutico.
De lá para cá foram 22 jogos, com 10 vitórias, 4 empates e 8 derrotas. O time vem se mostrando impressionante e regular ao mesmo tempo. Fernandes conquistou 34 dos 66 pontos disputados, ou 51,5% dos pontos.
A parte impressionante fica por conta dos últimos 7 jogos, quando venceu 6 e perdeu um - do Palmeiras, no Palestra, de virada e com um gol mal anulado pela bandeira.
Nesses últimos 7 jogos, marcou 23 gols e sofreu 6. Venceu Paraná (f) por 4 x 2; Botafogo (c) por 4 x 1; Goiás (f) por 3 x 0, com direito a um golaço de Geraldo; Sport (c) por 2 x 0, em grande atuação de Júlio Cesar; massacrou o Atlético Paranaense (c) - que sobe de produção após a chegada de Ney Franco - por 5 x 0 e no último jogo venceu o Juventude (c) por 4 x 1.
Roberto Fernandes tem como assistente-técnico Luis Müller. Sim, o Luis Müller que era atacante do Bragantino no fim dos anos 80, começo dos anos 90. Ele seria como uma espécie de coordenador ofensivo do time. Função comum no Futebol Americano.
Para comprovar isso, é só pegar a forma na qual joga o Náutico contra os "seus adversários", aqueles que brigam para não cair. Joga com dois meias, Geraldo e Acosta, e com dois atacantes, Felipe e Ferreira, ou Marcelinho. Isso quando não joga com três atacantes, caso do último jogo contra o Juventude. E sempre que joga desta maneira, ofensiva, faz lembrar o Futebol de Luis Müller, objetivo, rápido, sempre em direção ao gol. Com belas trocas de passe, as quase extintas tabelas. Por isso Luís Müller demonstra ter um papel importante na estratégia de ataque do Náutico.
Isso sem contar outros feitos importantes:
Na 13ª rodada venceu o Corinthians, no Moriumbi, por 3 x 0;
Na 15ª rodada venceu o Santos, Na vila, por 2 x 1;
e só foi perder fora de casa, isso mesmo, fora de casa, após a chegada de Fernandes, na 19ª rodada, quando foi derrotado pelo Flamengo no Maracanã.
A regularidade fica por conta dos números da gestão Roberto Fernandes. Foram 22 jogos, 11 e casa e 11 fora. Com 10 vitórias, 5 em casa e 5 fora. Os empates foram 4, 2 em casa e 2 fora. E as derrotas? Bem, foram 8 ao todo. 4 em casa e 4 fora.
Marcou 43 gols. 21 em casa e 23 fora. Sofreu 32. 13 em casa e 19 fora.
Roberto Fernandes, quando chegou ao Náutico, indicou a contratação de alguns jogadores como Júlio César, Geraldo, Ferreira, Radamés. Que deram certo e vêm ajudando muito o time. Ele contou também com o aumento de rendimento de Acosta, Felipe e Sidny, peças importantes do time.
Mas, o que mais impressiona em Fernandes é como ele trabalha a questão do rebaixamento.
Por exemplo: ele pediu para que seus jogadores forçassem cartão contra o Juventude para não enfrentarem o Cruzeiro na próxima sexta. São 5 os que forçaram o terceiro amarelo - Toninho, Sidny, Daniel Paulista, Geraldo e Felipe.
Tudo isso foi feito para que eles tenham condições de enfrentarem o Corinthians na 32ª rodada, nos Aflitos. Fernandes cosidera que esse sim é o adversário do Timbu, pois também luta para não cair e é mais fraco que o Cruzeiro. Ele avalia que as chances de vencer esse jogo são infinitamente maiores. No que está absolutamente correto.
Além de tudo isso, Fernandes é alvirrubro. Já frequentou, e muito, as arquibancadas dos Aflitos. Já deve ter se cansado de ver no seu time, técnicos que se limitavam à defesa, pra conseguir um pontinho aqui, outro acolá. Quando ele vibra, sabemos que a vibração é verdadeira, de um torcedor que está realizando um sonho de milhões: treinar o seu time do coração. E ele mostra sentir muito prazer nesta função. Aliás, quem não sentiria?
Palmas para Roberto Fernandes e para a diretoria do Náutico, que apostou nele. Tomara que ele livre o Timbu do rebaixamento e que possamos vê-lo em ação novamente co brasileirão ano que vem!
* Com colaboração de Jose Neves Cabral. Zé Neves comanda o Arquibancada - que vocês encontram na lista de favoritos deste blog - é jornalista e profundo conhecedor do futebol jogado na terra de João Cabral de Melo Neto e Nelson Rodrigues.
Um comentário:
Valeu, Thiago
Obrigado pela referência.
Postar um comentário