terça-feira, 25 de março de 2008

Ôôôôô, vai pra cima deles Galôôô

É só estourar um rojão em Belo Horizonte para se ouvir alguém gritar «Galoooooooooooo».

Só quem já foi ao Mineirão e viu a torcida do Clube Atlético Mineiro sabe o que o time representa para ela. E vice-versa. É um espetáculo que mistura paixão e cobrança. Por ser de uma família totalmente mineira, apesar de nascer em São Paulo, já pude constatar isso diversas vezes. Seja no Mineirão, seja no Independência - extensão da casa do Tio Nidão, o Evanildo para os muito íntimos, e Magrelo para toda Sagrada Família, Santa Tereza, Horto e redondezas. Detalhe: a família, totalmente mineira, é completamente atleticana!

O primeiro jogo que assisti em um estádio foi um Atlético e Cruzeiro, em 1987. Levado por outro tio, Amilton, assisti em cima dos seus ombros a vitória do Galo no primeiro turno do Mineiro daquele ano. 3 x 2. Nessa época, com tenros 6 anos de idade, meus ídolos eram Reinaldo, Éder Aleixo, João Leite e Sérgio Araújo.

Quem não se lembra da torcida do Galo gritando «Rei, rei, rei, Reinaldo é nosso rei!», ou «El, el el, sai que é tua Taffarel!»

Qual atleticano não se lembra de Kafunga? E do Trio Maldito, Mário de Castro, Said e Jairo? E tem ainda tantos outros neste centenário: Carlyle, Zé do Monte, Mexicano, Cincunegui, Ortíz, Mazurkievcz, Toninho Cerezo, Paulo Isidoro, Guará, Paulo Valentim, Oldair, Humberto Ramos, Dadá, Lola, Telê, Lucas Miranda, Ubaldo, Nívio, Vavá - não aquele, de Vasco e Palmeiras -, Luizinho, Ronaldo, Renato, Paulo Roberto Prestes, Velloso, Marques, Guilherme. São tantos e tão bons jogadores que vestiram a camisa do Galo nesses 100 anos.

Mas há o lado triste da história. Tristeza agravada pelas péssimas administrações dos últimos anos. Mas as maiores tristezas são as dos campos. E são da época do super time hexacampeão mineiro, de 78 a 83. São as perdas inesquecíveis - e inacreditáveis - dos brasileiros de 77 e de 80, para São Paulo e Flamengo. Desse período, a absurda eliminação da Libertadores de 1981, no jogo desempate com o Flamengo, em Goiás. A eliminação para o Santos, na semifinal do Brasileiro de 83. Aliás, qualquer atleticano que se preze sabe o nome José de Assis Aragão e de José Roberto Wright, árbitros dos jogos decisivos com o Flamengo. A arbitragem de Wright foi, talvez, a pior coisa já feita em campo por um árbitro na história. Você confere a "atuação" do carioca no vídeo abaixo:



Qualquer atleticano sabe a dificuldade que foi para assistir a final de 1980, no Rio de Janeiro. Os donos de carros de Minas Gerais tiveram que retirar as placas dos veículos. Só assim ficaram livres de terem seus carros destruídos pela torcida do Flmengo. A final de 1980, com dois gols de Reinaldo - o segundo já machucado -, você pode conferir no vídeo abaixo:



O troco, para a torcida, só viria em 1987, na semifinal da Copa União, quando Renato Gaúcho eliminou o Atlético. A torcida do Galo, sete anos após o massacre sofrido no Maracanã, foi à forra. Na chegada dos flamenguistas ao Mineirão, começou a gritar: «Vingança! Vingança! Vingança». E ela veio em forma de fogos de artifícios atirados contra os flamenguistas, que voltaram para seus ônibus e não puderam assistir o jogo, exatamente como aconteceu com os atleticanos sete anos antes.

Mas esse episódio não mostra o que é a torcida do Galo. Apaixonada. É capaz de vaiar o maior ídolo. Abandonada. Está sempre à espera de outro Reinaldo. Sofrida, pelos desmandos dos "homens de preto", só eles capazes de parar o time de Reinaldo, Éder, Toninho Cerezo, João Leite e Luizinho. Isso é ser Galo: não abandonar um time que está, há anos, abandonado. É não esquecer dos ídolos do passado. É ser Campeão do Gelo sem ter disputado nenhum título. É simplesmente ser Galo. Só quem já esteve no meio da massa sabe o que isso representa.

Parabéns Clube Atlético Mineiro. Galo, forte e vingador! 100 anos de glória.

Vídeo do rei, Reinaldo:

domingo, 23 de março de 2008

Clássicos na Inglaterra, normalidade em São Paulo

Na manhã deste domingo, começo de tarde, os 4 maiores times - atualmente - da Inglaterra fizeram dois ótimos jogos. Em Manchester, o United enfrentou o Liverpool e em Londres, Chelsea e Arsenal jogaram para ver quem ficaria com o segundo lugar.

Mais tarde, pelo campeonato paulista, Corinthians e São Paulo jogaram para a sobrevivência, ou entrada (caso do São Paulo), no G4.

Na Inglaterra, Manchester e Liverpool fizeram um jogo equilibrado, igual até nos esquemas. 4-3-3 quando estavam com a posse de bola e 4-5-1 quando a bola estava com o adversário.

O Manchester, dono da casa e líder do campeonato, sentia-se na obrigação de sair para o jogo. Cristiano Ronaldo era bem vigiado pelos laterais do Liverpool. Se jogasse pela direita, Fábio Aurélio o marcava, se fosse para a esquerda, Arbeloa o vigiava. Em comum com essas marcações estava o deslocamento de Xabi Alonso para fazer a cobertura de ambos os laterais. Do outro lado, Carrick seguia Gerrard. Scholes e Anderson se revezavam na tarefa de armar o time. Em um desses revezamentos, Anderson deu lindo passe nas costas de Carragher e colocou Rooney na cara de Reina. O centroavante, atrapalhado pelo zagueiro do Liverpool, desperdiçou a chance cutando em cima do goleiro espanhol.

Os laterais, de ambos os times, pouco subiam ao ataque. Mas foi em uma subida de um deles é que o jogo começou a mudar. Rooney cruzou da esquerda e Wes Brown se aproveitou da falha da zaga e do goleiro do Liverpool para fazer 1 a 0 Manchester. Até aí, tudo bem. O jogo estava equilibrado, era possível um empate do Liverpool. Ou, quem sabe, até uma virada. Mas no fim do primeiro tempo veio o lance que mudaria o jogo. Fernando Torres recebe cartão amarelo por reclamação. Mascherano, que já havia levado cartão, aparece "do nada" e começa a reclamar com o juiz. No lance em que levou amarelo, Mascherano já havia saído no lucro, soltou uma dezena de "fuck off" para Steve Bennett, que ou não ouviu, ou fingiu que não ouviu. Desta vez ele ouviu tudo em alto e bom som, e pôs o argentino pra fora. Foi um pandemônio. Masc não queria sair. Foi preciso o técnico Rafa Benítez entrar em campo para, em espanhol, tirá-lo de campo, evitando uma confusão maior.

No segundo tempo, o Manchester ainda sofreu um pouco antes de matar o jogo. Anderson caiu de produção e o Liverpool passou a equilibrar as ações. Gerrard assustou em chutes de longa distância. Foi o suficiente para Alex Ferguson trocar Giggs e Anderson por Nani e Tevez. O português foi decisivo. Cobrou o escanteio para Cristiano Ronaldo marcar, em nova falha defensiva do Liverpool - desta vez falharam Reina e Xabi Alonso -, e marcou o terceiro após bela tabela com Rooney. Assim o Manchester livra 5 pontos de vantagem para o segundo colocado, o Chelsea.

Em Stamford Bridge

No outro clássico, o Chelsea não perdia em casa há 75 jogos pela Premier League. E a vitória, além de manter o tabu, significava passar o Arsenal e assumir a segunda posição na Liga.

O jogo começou com uma opção interessante por parte do técnico Avram Grant, do Chelsea: Essien na lateral-direita, com Belletti, um especialista, no banco.

Gols, só no segundo tempo. O Arsenal abriu o placar com Sagna. Após escanteio, ele apareceu livre no primeiro pau e com uma "casquinha", tirou Cudiccini da jogada. Avram Grant então colocou Belletti na direita, passando Essien para o meio no lugar de Ballack. Mas não foi essa mudança que fez com que o Chelsea virasse o jogo. Foi a competência de Drogba. O marfinense é hoje o homem-gol do futebol mundial. Sua colocação e seu senso de oportunismo aliados à sua técnica fazem dele um eficiente. Sobrou para ele, é difícil não ser gol. Duas bolas sobraram para ele, dois gols para o Chelsea e segunda colocação na Liga.

No Paulista, Corinthians e São Paulo sofreram um pouco para vencerem seus jogos. No Morumbi, o Rio Claro chegou a ameçar, por pelo menos duas vezes, o gol de Felipe. Em Campinas, no fim do primeiro tempo, o Guarani deu um calor na defesa do São Paulo, mas a falta de qualidade impediu o gol.

No Morumbi, Dentinho, após uma cochilada coletiva da defesa do Rio Claro, fez o gol da vitória corinthiana ainda no primeiro tempo. O São Paulo teve que esperar um pouco mais. O time tomava conta das ações em Campinas, mas pecava no último passe. Exatamente como no jogo contra o Luqueño, na última quinta, pela Libertadores. E, exatamente como na última quinta, precisou um atacante que estava na reserva entrar para marcar. Desta vez foi Borges que saiu do banco - entrou no lugar de Carlos Alberto - e marcou logo após sua entrada. A partir daí o São Paulo passou a controlar a posse de bola, e não sofreu riscos de levar o gol. Mas o time continua fora do G4. Está com 29 pontos. O Corinthians, quarto colocado, tem 30.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Frustração

Essa é a palavra que define o sentimento do São Paulo - time e torcida.

O time se impôs desde o começo e criou ótimas chances para vencer o jogo com facilidade.

As constantes trocas de posições e a dinâmica de jogo do ano passado, ao menos na Libertadores, estão de volta. E estão de volta não só porque é a Libertadores - e não o Paulista -, estão de volta também pela possibilidade da escalação de Éder e Éder Luis.

O time começou no 4-4-2, com Éder e Richarlyson nas laterais. Com a contusão de Miranda, passou a jogar no 3-5-2, com Juninho, substituto de Miranda, na sobra e Zé Luís fazendo o zagueiro pela direita e Richarlyson passando para volante.

Na volta para o segundo tempo, voltou o 4-4-2. Éder ficava preso quando era preciso. Mas como o Luqueño só tinha um atacante - Lagaza - era desnecessário ter 3 zagueiros para marcar um atacante.

No primeiro tempo, Éder Luis foi a válvula de escape para os contra-ataques na maior parte do tempo. No segundo, jogou mais aberto pela direita, e sumiu um pouco.

Éder jogou bem. Foi fundamental pela sua altura, 1.85m, e também pela qualidade com a bola nos pés. O cruzamento para o gol não foi um simples cruzamento, foi um passe, uma assistência.

O São Paulo controlava muito bem o jogo. O único lance mais perigoso do Luqueño foi em um chute do brasileiro Charles. Rogério fez a diferença e defendeu brilhantemente.

Mas o São Paulo não matava o jogo. O último passe estava deficiente. E quando os chutes ou cabeçadas saíam, havia sempre um pé, ou mão do goleiro Garcia para evitar o segundo gol do São Paulo.

O Luqueño se limitava a cruzar, sem perigo, a bola na área do São Paulo.

Mas é aí que o imponderável entra em jogo.

Aos 47 do segundo tempo, em jogada praticamente ganha pela defesa do São Paulo, Hermosilla rolou para trás. Duarte ajeitou o corpo e mandou um balaço. A bola fugiu das chuteiras de Zé Luís, que se jogou na tentativa de bloquear o chute, e das mãos de Rogério. Raspou a trave e entrou.

Era o empate do Luqueño. Com o empate chegou também o fim do jogo. E a frustração do São Paulo.

Quarta na Libertadores

Três brasileiros entraram em campo pela Libertadores, nesta quarta.

Dos três, o time que talvez tivesse a missão mais espinhosa, foi o que melhor se saiu.

O Fluminense foi ao Paraguai enfrentar o Libertad no Defensores del Chaco e voltou com uma grande vitória, de virada, por 2 x 1. O Libertad jogava pela sobrevivência na competição, pois havia perdido - fora de casa - seus dois jogos. A vitória para os paraguaios era essencial. Mas não aconteceu e agora o time amarga a última posição com nenhum ponto ganho. Em um grupo que tem Fluminense, LDU e Arsenal, é praticamente a eliminação do Libertad. Washington foi o responsável pelos dois gols tricolores. O primeiro, após linda tabela entre Gabriel e Conca, que culminou com um lindo passe - cruzamento é muito pouco para descrever -, para o centroavante marcar de cabeça.

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No Maracanã, o Flamengo entrou "pilhado" no jogo. Menos, é verdade, do que nos últimos jogos. Mas ainda assim, pilhado. Para a sorte e alegria rubro-negra, o gol de Marcinho não demorou muito, aliviando time e torcida. O Nacional, diferente do que se pensava, veio preocupado só em jogar bola, e fez uma partida razoável. Os 2 x 0 foram merecidos.

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Em Oruro, o San José completava aniversário. Evo Morales, presidente da Bolívia e torcedor do time, estava nas tribunas. Mas o Santos começou melhor. Kléber Pereira, em falha clamorosa da zaga boliviana, abriu o placar. Antes do jogo, a aposta era mesmo que o Santos perdesse. mas o time não dava mostras que seria fácil. O San José empatou ainda no primeiro tempo, mas o Santos continuava bem. No segundo, o Santos começou a perder alguns gols e tomou a virada. Ficou a sensação de que dava para fazer melhor e de que a altitude não atrapalhou tanto assim.

quarta-feira, 19 de março de 2008

A vitória do Cruzeiro

Não, o blog não está louco.

Mas o empate do Cruzeiro ontem, na Venezuela, contra o Caracas, é como uma vitória.

O time está com 9 jogadores no departamento médico. Foi para o jogo só com 15 jogadores. Sendo que Thiago Heleno, que estava no banco, não tinha condições de jogo, só fez número.

Por isso Adílson Batista terminou o jogo com os mesmos 11 jogadores.

O Caracas saiu na frente, com gol de Valencia, aos 29 do primeiro tempo, em jogada de bola parada, na qual a defesa cruzeirense (leia-se Thiago Martinelli) falhou.

O Caracas pressionava e o Cruzeiro, acuado, se defendia.

Na volta do segundo tempo, uma outra postura. A consequência desta nova postura foram as chances que o time passou a criar. Em bola cruzada na área venezuelana, o lateral Lucena deu um soco na bola. Pênalti convertido por Marcelo Moreno.

Após o gol o Caracas resolveu partir para cima, fazer o resultado. O técnico Noel Sanvicente fez as três substituições, dando um novo gás e colocando pressão no Cruzeiro.

Um momento crítico para o Cruzeiro foi após os 30 minutos, quando o time venezuelano teve uma sequência de 4 escanteios a seu favor, todos perigosos.

Pouco depois, Wágner passou mal uma bola para Marcelo Moreno, em um contra-ataque que dava pinta de que resolveria o jogo.

Quando o Caracas partiu de novo para a pressão, Vizcarrondo foi expulso por jogo violento em Ramires. Como já havia feito as três substituições - uma delas tirando um volante, Jiménez, para a entrada do meia Casanova, o Caracas não se arriscou e preferiu ficar com o empate do que perder em casa.

Por todos os fatores extra-campo que cercaram o jogo, e pelo nível do Caracas, foi um bom resultado para o Cruzeiro.

segunda-feira, 17 de março de 2008

A escolha

No dia 07 deste mês, recebi um e-mail avisando que Zinedine Zidane estaria no Brasil para a inauguração de um projeto social e uma partida de futsal. Mas tudo isso no domingo do clássico Palmeiras e São Paulo. Qual assistir?

Foi a hora de ver as prioridades. São Paulo mal. Palmeiras em ascensão. Mas o jogo era pelo Paulista. E em Ribeirão Preto. E Zidane no Brasil, jogando, mesmo que seja futsal, talvez nunca mais.

Por isso preferi ir ao Paineras assistir ao Zizou.

Antes do jogo, uma entrevista coleitiva na qual o grande destaque foi a tradução simultânea. Talvez pela falta de costume da pessoa designada para a tarefa, o que causo risos entre todos, até Zidane.

Ele explicou que era muito importante estar no Brasil, inaugurando um projeto social da Adidas - que reformou uma quadra de futebol de salão na favela de Heliópolis -, principalmente por ele, Zidane, ter saído de um ambiente parecido com o que ele viu lá.

Sobre o futebol de hoje em dia, Zizou disse que a técnica hoje em dia já não tem o papel importante de antes. O ênfase está na perparação física. «Os jogadores criativos estão desaperecendo. Hoje é muito mais importante a tática do que a técnica.»

Quando perguntado, duas vezes, se ele se incluía entre os melhores do mundo, Zidane foi categórico.

«Pra mim, existem dois grandes: Pelé e Maradona. Depois um terceiro, Di Stéfano. E existem os outros. Uns preferem o Cruyff, outros o Platini.»

Sobre os jogos decisivos contra o Brasil, ele disse que sempre foi um jogo especial, no qual todos querem fazer o melhor, porque ninguém é o melhor que o Brasil. «Dizem que o futebol foi inventado na Inglaterra. Mesmo que seja verdade, os brasileiros o reinventaram.»

Quando perguntado sobre quais os times que jogam o melhor futebol atualmente, nenhuma novidade. Respondeu Manchester United e Arsenal.

Na hora do jogo, Zidane ficou ao lado de Rivellino, Fininho, Paulo Sérgio, Ronaldão. No time adversário, Manoel Tobias e Djalminha eram os destaques.

No primeiro tempo, Zidane, gripado, fez boas jogadas e deu uma bela assistência para Fininho marcar. O primeiro tempo terminou dois a zero para o time de Zidane. No segundo tempo, Zidane deu outra bela assistência para Fininho marcar. E deu uma série de dribles em Mauro Galvão digno dos melhores anos de sua carreira. O gol só não saiu por causa do goleiro Pezão. Ao final do jogo, perguntado sobre o fato de não "deixar" Zidane marcar, Pezão disse: «Não deixei. Ele já marcou muitos gols no Brasil!»

Ao final do evento, o clássico ainda rolava. Campo encharcado, mais parecido com um pasto. Jogo de baixo nível técnico. 4 x 1 para o Palmeiras. No fim das contas, a decisão de assistir Zidane ao vivo, se mostrou acertada.

terça-feira, 11 de março de 2008

Entrevista de Craque

O Craque de Blog entrevista hoje um dos melhores jornalistas esportivos da atualidade. Filho de pais jornalistas, André tomou gosto pela profissão desde cedo. Hoje é um repórter de alto nível e bem eclético. Tem o conhecimento e a paixão por vários esportes como sua marca registrada. No momento, é repórter da ESPN Brasil e colunista do jornal "Lance". Além de proprietário de um dos blogs esportivos mais legais da internet brasileira, o Blogol.

Está escrevendo, junto com Fernando Meligeni, um livro sobre o tenista que será lançado ainda este ano. Estou falando de André Kfouri, o filho do seu Juca, que dá seguimento à "dinastia Kfouri" na imprensa brasileira. A entrevista é longa e essa era a intenção, já que tratamos dos mais variados assuntos. Vamos à ela:

Craque de Blog - O que é, para você, ser jornalista?

André Kfouri - Uma resposta técnica, baseada nos conhecidos preceitos da profissão, seria muito longa e muito chata. Para mim, ser um repórter (uma das várias atividades do jornalismo) é ser um contador de histórias. Boas e bem contadas histórias. Histórias verídicas. É ser curioso, desconfiado, atento. O resto tem pouco a ver com a profissão, e mais com formação. Ser honesto, justo, ético, não corromper nem ser corrompido, é obrigação de qualquer pessoa.

Craque de Blog - Como lidar com falta de tempo, pressão por resultados e a vida familiar (sendo que tudo acontece, geralmente, ao mesmo tempo)?

André Kfouri - É, de longe, a parte mais difícil da profissão. E a única coisa que tem a capacidade de me incomodar, às vezes. O simples aviso de que vou viajar a trabalho, o que significa que não estarei em casa por alguns dias, desencadeia um processo de decisões familiares, é sempre chato. É desgastante, mas necessário. No caso de coberturas internacionais é ainda mais complicado. Mas ficar longe de casa “está no pacote” de ser um repórter. E quanto melhor você fizer seu trabalho, mais vezes terá de lidar com isso. É preciso deixar claro que isso só começou a me incomodar dessa forma depois que casei e tive filhos, o que é normal. Acho que acontece com a maioria.

Craque de Blog - Você é um dos jornalistas mais bem informados que temos no país. Isso é fato. Qual é a sua rotina (se é que tem uma) para se manter informado?

André Kfouri - Obrigado pelo elogio, talvez exagerado. Não há como dizer isso sem parecer falso ou arrogante, por isso me desculpo, mas eu faço o que gosto de fazer. Vejo os programas de TV que me interessam, os filmes que me interessam, leio os livros que me interessam, os jornais e as revistas que me interessam. Passo muito tempo na internet, também. Se isso me deixa bem informado, é um bônus. Mas, na maior parte do tempo, é o que me diverte. A coisa acaba ficando automática, o seu dia-a-dia se transforma naquilo que é o seu combustível, aquilo que você utiliza para evoluir como pessoa e profissional.

Craque de Blog - Quais são seus sites/programas de tv favoritos? Depois de tanto trabalho você ainda consegue gostar deles ou viraram só “objeto de trabalho”?

André Kfouri - Eu me relaciono com muita coisa que não tem nada a ver com esporte. Mas lógico que o universo esportivo domina. Na internet, vejo todos os grandes sites esportivos brasileiros e estrangeiros, todos os dias, várias vezes por dia. Os blogs, também, pois estão cada vez melhores e trazem o conteúdo de opinião que é fundamental. Na TV, sou um pouco mais seletivo em relação aos programas esportivos. E sou viciado nestes Discovery Channel, National Geographic, os documentários do GNT, praticamente tudo o que a BBC faz, e os programas de entrevistas. Vejo muitas séries, não a ponto de comprar o DVD ou baixar episódios inéditos na internet, mas acompanho de perto as que mais gosto.

Craque de Blog - Sei que você é fã do Novo Jornalismo (ou Jornalismo Literário), como essas leituras ajudam você no dia-a-dia da profissão?

André Kfouri - Essas leituras são aulas de jornalismo. São de autoria de jornalistas consagrados, gente que tem muito a ensinar, a quem quiser aprender. Ajudam muito a desenvolver o estilo de quem gosta de escrever. Além de serem, quase sempre, ótimas histórias.

Craque de Blog - 2008 é ano de Olimpíadas. Como é a preparação para uma competição enorme como essa, que tem vários esportes e que em cada um desses esportes há fãs que realmente entendem do assunto? E na questão logística? Viagens, transmissões?

André Kfouri - A questão logística não é exatamente atribuição do jornalista, ainda bem. Na ESPN, há quem trabalhe diretamente na montagem de uma operação tão grande e tão complexa. Como te respondi na questão sobre a vida familiar, o grande problema é se preparar para ficar um mês fora de casa. Ainda mais num lugar como Pequim, onde é tudo tão diferente do que estamos acostumados. Claro que o repórter tem de conhecer os assuntos, as particularidades de cada esporte. Obviamente, é preciso ser poli-esportivo para cobrir uma olimpíada direito. Mas os jogos olímpicos são a Disney do fã de esportes, categoria na qual me incluo. Portanto, é diversão o tempo todo.

Craque de Blog - Falando em “outros esportes”, você tem muita familiaridade com os esportes americanos. Essa paixão nasceu da necessidade por causa do trabalho ou o trabalho nasceu da paixão que você já tinha por esses esportes?

André Kfouri - Ter a oportunidade de trabalhar com esporte é um privilégio para quem sempre foi apaixonado por ele. Entendo que se qualifique beisebol e futebol americano, principalmente, como “esportes americanos”, mas prefiro dizer que são esportes como outros quaisquer. Eu acho que, cada vez mais, todos vivemos no mesmo mundo. Não compreendo a antipatia que algumas pessoas têm por esportes que não são muito praticados no Brasil. E me divirto ao ver que, muitas vezes, a antipatia acaba quando se aprende as regras e se começa a entender o jogo.

Craque de Blog - Você já enfrentou algum perigo exercendo o seu trabalho? Alguém já o ameaçou?

André Kfouri - Sim, em estádios de futebol. Perigo físico, mesmo. Ameaça séria, nunca sofri.

Craque de Blog - Quando está de folga como é a sua rotina? Como faz para se desligar (se é que é possível) do trabalho?

André Kfouri - Folga é sinônimo de vida familiar. Agora que meus pais e meus sogros têm netos, estamos sempre juntos. Gosto muito de sair para jantar, conhecer novos restaurantes e voltar aos preferidos. Gostaria de ir ao cinema como fazia antes, mas infelizmente não dá. Encontro os amigos sempre que possível, agora com nossos filhos. Desligar totalmente? Não creio que seja possível.

Craque de Blog - Você também é um leitor ávido. Quais são os seus livros prediletos? (Pra facilitar, pode separar em esportivos e não esportivos)

André Kfouri - Para facilitar mesmo, vou falar do que estou lendo agora. Ultimamente, tenho mantido o hábito de ler dois tipos de livros ao mesmo tempo. Um é aquele livro esportivo e/ou jornalístico, o outro é de tema livre. Por coincidência, neste momento são dois livros em inglês: “Seven Seconds or Less: My season on the Bench with The Runnin’ and Gunning’ Phoenix Suns”, livro-reportagem de um jornalista que passou uma temporada com acesso total ao time de Leandrinho na NBA (ainda sem tradução para o português); e “Gates of Fire”, sobre a lendária Batalha das Termópilas, entre espartanos e persas, em 480 A.C. Na fila, tem o último livro do Dr. Dráuzio Varella, “O Médico Doente”, “O Julgamento de Paris”, sobre vinhos, e uma pilha de livros sobre esportes.

Craque de Blog - Qual a cobertura que mais te marcou?

André Kfouri - Impossível escolher uma só. Copas do Mundo e Jogos Olímpicos são sempre marcantes.

Craque de Blog - Aqui no Brasil, a ESPN é extremamente reconhecida pelos críticos como um grande canal de esportes. Mas o grande público ainda só vê a Globo e o Sportv. Quais as dificuldades de cobertura que vocês têm aqui no Brasil por causa do monopólio da Globo? E quais as facilidades encontradas em coberturas no exterior, onde a situação muda totalmente de figura, por ser a ESPN a líder mundial em esportes, como a emissora se auto-proclama?

André Kfouri - Dificuldades e facilidades sempre estão ligadas aos direitos de transmissão. Quando você é um “parceiro” do evento, cobri-lo é muito mais fácil. Não importa se você está trabalhando dentro ou fora do Brasil. A questão central é a dos direitos. A ESPN já trabalhou em uma Olimpíada e uma Copa do Mundo sem direitos, e nem por isso deixou de fazer uma competente cobertura jornalística desses eventos. Mas, como já vivemos o outro lado dessa moeda também, quando a emissora adquire os direitos é incomparavelmente melhor. Aqui no Brasil, nossas câmeras não podem descer ao gramado nos campeonatos de futebol, por exemplo. Ficamos restritos às cabines e vestiários. Tudo é uma questão de acordos que são feitos entre as emissoras que possuem os direitos e as que não possuem.

Craque de Blog - Você é filho de um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro. Como foi a sua escolha pelo jornalismo? Há casos em que você chega a pedir ajuda a ele em alguma matéria?

André Kfouri - Minha mãe também é jornalista. Por isso digo que a minha formação começou em casa, sem que eu percebesse. O ambiente, as conversas, os amigos dos meus pais, tudo criou uma “atmosfera jornalística” que era impossível evitar. Mas nunca fui diretamente estimulado para seguir a carreira deles, foi algo natural. Sempre quis ser repórter esportivo de televisão. Esse sempre foi o meu sonho. Meu pai e eu conversamos sempre, e claro que a profissão é um assunto obrigatório. Trocamos idéias, opiniões, é normal. Tenho esse privilégio.

Craque de Blog - Recentemente você esteve em Pequim para visitar algumas instalações das olimpíadas. Qual foi a impressão geral que você teve e como imagina que será a cobertura?

André Kfouri - Será maravilhoso. A China é um lugar fascinante, e os chineses estão preparando uma Olimpíada inesquecível. Em termos de instalações esportivas, a estrutura é impecável. Claro que cultura/língua/costumes serão barreiras importantes, mas acho que chineses e estrangeiros estarão preparados para isso.

Craque de Blog - As olimpíadas de Pequim, por causa do fuso, avançarão madrugada adentro aqui no Brasil. Como fazer para manter o interesse do público durante as transmissões, já que a grande maioria tem que acordar bem cedo no dia seguinte?

André Kfouri - Eu acho que as próprias competições já são interessantes o suficiente. Em Seul 88, Sydney 2000 e na Copa de 2002 foi assim. Quem quiser ver, não poderá dormir muito. As Tvs terão de se preocupar em mostrar a quem não viu, o que aconteceu durante a madrugada no Brasil. Mas quem quiser ver a Olimpíada, ao vivo, terá de se esforçar durante um mês.

Craque de Blog - Qual a profissão da sua esposa? A pergunta se dá pelo seguinte: é muito difícil conciliar a profissão de jornalista com a vida familiar. E é mais difícil ainda que uma pessoa que tenha outra profissão, entenda os jornalistas, por isso a pergunta.

André Kfouri - Minha mulher não é jornalista, é empresária. Na nossa vida familiar, eu crio os problemas e ela resolve... Entre nós, eu sou o sortudo.

Craque de Blog - Todo mundo tem uma visão meio distorcida da profissão de jornalista, enxergam glamour onde não tem, vêem facilidades que não existem. Pra você, qual a maior dificuldade da profissão?

André Kfouri - O prejuízo da convivência familiar, sem a menor dúvida.

Craque de Blog - Voltando a falar dos esportes americanos, eles têm um público superdetalhista, que conhece muito. Isso exige um nível de formação alto. Como fez para chegar a esse nível?

André Kfouri - É preciso fazer parte desse público, ser um fã. Não há outro jeito. Sem gostar, a coisa não vai.

Craque de Blog - Quando você tem um furo nas mãos, o que você faz primeiro: coloca já no blog ou espera para entrar ao vivo na tv?

André Kfouri - Aviso a TV. Dependendo da situação, podemos entrar ao vivo, entrar pro telefone, ou preparar alguma outra coisa. Se estou perto de algum computador, atualizo o blog.

Craque de Blog - No dia-a-dia, com quem você discute as pautas que serão feitas? Você tem predileção por algum tipo de matéria, ou você faz a que pintar?

André Kfouri - A ESPN tem uma chefia de reportagem que define as pautas que serão cumpridas, e escala os repórteres para cumpri-las. Estamos todos no mesmo barco.

Craque de Blog - Você já foi repórter de rádio, hoje é repórter de tv e colunista de jornal. Nunca passou pela sua cabeça ser repórter de jornal impresso Ou você não teve oportunidade?

André Kfouri - Já passou, mas o objetivo que persegui sempre foi a TV, por isso comecei no rádio. Queria me preparar para trabalhar em televisão. Mas adoro escrever. A melhor parte do meu dia é quando sento para escrever uma matéria.

Craque de Blog - Alguns personagens do futebol brasileiro são conhecidos pela exagerada grosseria que destinam aos jornalistas. Como lidar com isso?

André Kfouri - Com humor. E sempre fazendo-se respeitar. Não é difícil.

Craque de Blog - Saindo um pouco da profissão, você gosta muito de filmes, seriados e música. Fique à vontade para falar sobre suas melhores bandas, melhores filmes e séries. De todos os tempos!

André Kfouri - No cinema, gostava de todo tipo de filme. Depois que fui pai, virei um cara mais emotivo e tenho evitado filme triste, dramas muito pesados. Gosto de entretenimento, filmes que te fazem esquecer do mundo. Ação, suspense, comédia, não importa o tema. Na música, Beatles, Rolling Stones, Gênesis, Eric Clapton, U2, The Police, os guitarristas (JJ Cale, Satriani, Santana...), Van Halen, alguma coisa de AC/DC e Iron Maiden, são minhas preferências. Não tenho problemas com MPB, desde que não seja axé, pagode e música sertaneja. Nas séries, “The West Wing”, “CSI”, “Nip/Tuck”, “Without a Trace”, “Law and Order”...

Craque de Blog - A Disney – que por um acaso também é “dona” da ESPN – tem se notabilizado por lançar ultimamente muitos filmes esportivos, tais como “O melhor jogo da História”, “Estrada para a Glória”, “Invencível” e “Duelo de Titãs”. Qual é a sua opinião sobre isso?

André Kfouri - Sensacional. São ótimos filmes de esportes.

Craque de Blog - Pra você, qual a lição que pode ser tirada com o rebaixamento do Corinthians?

André Kfouri - Que anos e anos de ladroagem podem derrubar um colosso. E que o futebol brasileiro é um espelho do Brasil.

Craque de Blog - Da onde você tira as citações dos filmes que encerram todo sábado a "Caixa-Postal"?

André Kfouri - Esse é um segredo do Blogol. Algumas pessoas já descobriram, pena que não foi o seu caso...

Craque de Blog - Cite os personagens do esporte que, ao longo dos anos, mais te impressionaram, profissionalmente ou não e por quê?

André Kfouri - Pelé, pela reação das pessoas quando o vêem. Ronaldo, pelo mesmo motivo. Patrick Rafter e Steve Nash, pela simplicidade apesar da fama.

Craque de Blog - E, se você pudesse escolher um personagem esportivo, ou não, para jantar (vivo ou não), quem você escolheria e por quê?

André Kfouri - Eu faria três jantares. Um com Larry King, para ouvir os casos e aprender. Outro com Eric Clapton e Al Pacino, pelas histórias que imaginamos. E outro com Ségio Vieira de Mello, brasileiro que trabalhava na ONU e morreu num atentado em Bagdá, em 2003. Para saber se este mundo tem jeito. E talvez um quarto jantar, se você me permitir, com John McEnroe. Para conhecer as histórias de um rebelde.

Craque de Blog - E, pra finalizar, em qual divisão do campeonato brasileiro seu time jogará neste ano?

André Kfouri - Meu time jogará na divisão mais importante do Campeonato Brasileiro.

sexta-feira, 7 de março de 2008

A resposta

No dia 22 de fevereiro deste ano, o Cruzeiro anunciou que faria uma homenagem ao Villa Nova, de Nova Lima, pelo seu centenário. E perguntei se o clube faria o mesmo com o Atlético, que completará 100 anos no dia 25 deste mês. Abaixo a resposta ao meu questionamento:

Cruzeiro presta homenagem

Clube oferecerá placa dedicada aos 100 anos do Atlético-MG

O Cruzeiro Esporte Clube prestará neste domingo (09), às 16h, no Mineirão, uma homenagem ao Atlético-MG. O presidente do Cruzeiro, Alvimar de Oliveira Costa, entregará uma placa para o presidente do Atlético-MG, Luiz Otávio Motta Valadares.

O Cruzeiro prestará também, uma homenagem aos 80 anos do jornal Estado de Minas. As homenagens serão prestadas antes da partida.

Parabéns ao Cruzeiro pela iniciativa.

A eterna confusão de vontade com violência

Esse é um tema mais do que batido. E, mesmo assim, vira-e-mexe, volta à tona. Em especial quando os times brasileiros estão disputando a Copa Libertadores.

O Flamengo deu provas ontem, em Montevidéu, de que os times brasileiros continuam confundindo vontade, garra, com violência.

Para ganhar a Libertadores é óbvio que tem que ter vontade, ter garra, querer ganhar mais do que os outros. Mas isso não pode ser traduzido para violência dentro de campo.

O nervosismo do Flamengo no jogo de ontem foi irritante até para quem não é flamenguista. A expressão no rosto do técnico Joel Santana após as expulsões de Toró e Leonardo Moura, traduzem o desespero que estava por vir. Um jogo que estava indefinido - apesar da vitória parcial do Nacional por 1 x 0 -, se transformou em uma goleada que pode trazer sérios problemas à equipe.

Toró foi expulso justamente. Mas temos que falar que, naquele momento, ele não deveria ser o único expulso. O gandula Nicolás, de 13 anos, também deveria ter sido retirado de campo. Qual é a função do gandula? Repor a bola rapidamente para que os atletas possam continuarem o jogo. E o que o Nicolás fez? Foi brincar com o Toró. Por isso deveria ter sido retirado de campo. Toró, infantilmente caiu na provocação e foi expulso, depois de derrubar o gandula no chão.

O lance da expulsão de Leonardo Moura é emblemático. Por um ângulo se tem a impressão de que ele visa só o domínio da bola, que está alta demais e um pouco longe, por isso o salto com a perna esticada. Quando a imagem se aproxima, a sensação é de que ele quer mesmo atingir o adversário em uma voadora digna de filmes do Bruce Lee.

Depois das expulsões a derrota, que era parcial, ficou inevitável. Os 3 x 0 ficaram de bom tamanho. E somente duas expulsões também. Ainda no primeiro tempo, Fábio Luciano chutou - de leve, é verdade - o rosto de um dos atacantes do Nacional quando este se encontrava caído. Absurdo total.

Na Bombonera, Palermo fez história. E como é bom presenciar a história ser feita. Ao marcar de cabeça o terceiro gol da vitória do Boca sobre o Atlas, do México, por 3 x 0, Palermo marcou seu gol de número 181 com a camisa Xeneixe, tornando-se o maior artilheiro da história do time, deixando Varallo, com 180 gols, para trás. Os outros dois gols foram marcados por Palacio.

O Boca ditou o ritmo da partida do começo ao fim. Quando o placar apontava ainda 1 x 0, o Atlas até chegou a incomodar. Mas o Boca deu duas estocadas e acabou o jogo, no velho estilo Boca Juniors de vencer jogos. Fingiu-se de morto e, quando menos se esperava, matou o jogo.

Na outra partida da Libertadores de ontem, o Nacional de Medellín passou pelo Sportivo Luqueño fácil, fácil, com outro 3 x 0 - o terceiro da noite.

Chamou a atenção a violência do time paraguaio, que é o próximo adversário do São Paulo, no dia 20. Teve até carrinho no goleiro do Nacional, quando o jovem Ospina estava com a bola nas mãos.

O São Paulo terá trabalho na próxima partida.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Dificuldades e facilidades da quarta-feira

Ao pegar a "grade" de jogos da quarta-feira, fui pensando:

"Chelsea x Olympiacos é fácil, fácil. Dá Chelsea.

Real Madrid x Roma, é difícil, acho que dá Real. Mas não sei.

Porto x Schalke. Imprevisível.

São Paulo x Audax, jogo fácil para o São Paulo, o Audax já não é mais o mesmo e perdeu do Luqueño em casa.

Fluminense x Arsenal. Difícil, o Fluminense vai sofrer."

Como vocês podem ver, quebrei a cara na maioria dos palpites.

O São Paulo encontrou muita dificuldade para bater o Audax, de virada. O time voltou a jogar com duas linhas de quatro jogadores, para poder penetrar na defesa do time chileno. Eder Luis foi bem, assim como Zé Luis, que jogou como lateral. Mas o time abusou dos cruzamentos na área do Audax. E o pior, eram cruzamentos da intermediária, quando muito, eram feitos do bico da grande área. Esse é o tipo de cruzamento que consagra a zaga. Para que os cruzamentos sejam eficientes, eles têm que serem feitos da linha de fundo.

Adriano foi muito bem marcado por Rocco, enquanto este esteve em campo. Após a expulsão de Rocco, o jogo mudou. O São Paulo partiu para o abafa na área chilena, marcando muito a saída de bola. A entrada de Aloísio foi essencial para a virada, por ser mais uma preocupação no jogo aéreo para os chilenos.

No Rio de Janeiro, esperava mais do Arsenal, que tem um bom time, brigador, com uma certa qualidade técnica. Mas o Fluminense teve a sua noite mágica. Engoliu o adversário completamente. Desde o começo o Fluminense não deu trégua aos argentinos. Um lance que chamou a atenção foi quando, logo aos 2 minutos de jogo, O Fluminense pressionou um arremesso lateral do Arsenal, roubou a bola e Dodô bateu pra fora. Essa foi a tônica da noite no Maracanã. Por isso, por essa intensidade, foi que o Fluminense fez 6 x 0 no bom time argentino.

Pela Liga dos Campeões, o Real parou, pelo quarto ano seguido, nas oitavas. A Roma jogou com inteligência e habilidade e conseguiu vencer o Real no Bernabéu.

Nos outros dois jogos, o Chelsea passou fácil pelo Olympiacos e o Schalke eliminou o Porto, no estádio do Dragão, nos pênaltis, por 4 x 1

quarta-feira, 5 de março de 2008

A rodada de terça

Zico e Sevilla parecem ter sido feitos um para o outro.

Depois de assombrar a cidade espanhola na primeira fase da copa do mundo de 1982, o Galinho conseguiu ontem levar o Fenerbahçe às quartas da Liga dos Campeões. No tempo normal e na prorrogação, vitória do Sevilla por 3 x 2. Com um gol de Daniel Alves para o Sevilla e dois de Deivid para o Fenerbahçe.

Nos pênaltis, o placar também foi 3 x 2, só que para o time turco. Com Daniel Alves perdendo o pênalti decisivo.

Na Itália, os garotos do Arsenal jogaram como veteranos e dominaram os veteranos do Milan, que mais pareciam garotos, de tão perdidos que estavam. 2 x 0, gols de Fabregas e Adebayor.

O Manchester jogou para o gasto e eliminou o Lyon com (mais um) gol de Cristiano Ronaldo. Seu 30° em 32 jogos.

O Barcelona venceu, sem esforços o esforçado Celtic. Ronaldinho dá mostras de que voltará a ser Ronaldinho. No lance do gol de Xavi, logo aos três minutos do primeiro tempo, ele recebeu no bico da grande área, pelo lado esquerdo. Olhou para a direita e serviu Sylvinho, que passava em alta velocidade por ele, pela ponta-esquerda. O lateral, de primeira, cruzou para a área. Lá Xavi, também de primeira, também com muita classe, chutou quase a queima-roupa. O goleiro Boruc até tentou defender, mas não foi possível.

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Pela Libertadores, dois brasileiros em campo. O Cruzeiro de novo mostra que pode ir muito longe nesta temporada. Uma equipe que marca muito bem e chega em alta velocidade ao ataque.

O Caracas chegou ao Mineirão como o líder do grupo após vencer o San Lorenzo e o Potosí - ambos na Venezuela -, e credenciado pela boa campanha na edição do ano passado da Libertadores quando, com duas vitórias, eliminou o River Plate ainda na primeira fase.

E foi isso que fez o time pensar que poderia atacar o Cruzeiro em pleno Mineirão. Mas o time celeste está consistente esse ano. Uma marcação forte com saída rápida. Pressionando os adversários no campo de ataque. Foi assim que saiu o primeiro gol, aos nove minutos. Wagner roubou a bola e enfiou para Guilherme. O atacante saiu na cara do goleiro Rosales e só teve o trabalho de escolher o canto.

Ainda no pimeiro tempo, em jogada muito parecida com a do primeiro gol, Marcelo Moreno serviu Ramires. O volante !?, recebeu e chutou para fazer o segundo gol do time - quinto dele na Libertadores, contando com a pré-Libertadores.

No segundo tempo o Caracas não desistiu e continuou tentando pressionar o Cruzeiro. Em novo contra-ataque, Marcelo Moreno foi lançado, driblou Rosales e tocou para o gol vazio. O 3 x 0 mostrou que o Cruzeiro tem forças para ir longe na temporada.

Na Vila Belmiro, o Santos encarou um dos times mais fortes desta Libertadores, o Chivas, do México. E a boa notícia é que venceu. O gol solitário foi do colombiano Molina.

Foi um jogo difícil. Difícil até de explicar. Tanto o Santos poderia ter ganhado por uma margem maior de gols, como poderia sofrer o empate, ou talvez até a virada.

Mas o espírito que o time mostrou, totalmente diferente do campeonato paulista, dá um ânimo para a torcida.

P.S.: Desculpem a ausência nos últimos dias. A vida está corrida.

Prometo postar, assim que tiver um tempinho a mais, uma matéria da edição de março da Placar, sobre o Carlos Aberto.