quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Oscar Pistorius

Muitos já falaram bastante sobre o sul-africano Oscar Pistorius. Ele é um corredor que teve as duas pernas amputadas. Usa prótese em ambas. Há poucos dias a IAAF - Federação Internaciol de Atletismo -, negou-lhe a participação nos jogos olímpicos de Pequim. Detalhe: ele ainda não obteve a marca que o classificaria para os jogos.

O que mais surpreende no caso -- tirando o fato dele ser um atleta sem as duas pernas que quer participar dos jogos convencionais, ao invés dos jogos paraolímpicos --, é a alegação da IAAF para negar-lhe a participação: ele, por meio de suas próteses de carbono, obtém uma vantagem em relação aos demais atletas.

Um absurdo! Ele já parte de uma enorme desvantagem, que é não ter ambas as pernas! Se ele tem vantagem em relação aos outros atletas, porque ainda não obteve o índice para os jogos olímpicos então?

A mensagem que a IAAF passa é a de que, para conseguir ser mais rápido nos tempos atuais, não precisa de doping, basta ter as próteses de Pistorius.

Abaixo uma matéria do Terra Magazine de hoje, do jornalista Ezequiel Fernández Moore, de Buenos Aires. Vale a pena a leitura.

Atleta sem pernas, Oscar Pistorius causa polêmica
Quinta, 31 de janeiro de 2008, 07h51
Ezequiel Fernández Moores
Difusión

Oscar Pistorius - atleta com pernas de prótese divide mundo do esporte



E se Oscar Pistorius, o jovem atleta sul-africano que teve as pernas amputadas e sonha em correr com suas próteses nos Jogos Olímpicos de Pequim fosse um mentiroso, e não um exemplo de superação? O questionamento, pouco simpático, com certeza, foi lançado pelos próprios especialistas do esporte e inclusive em fóruns de atletas paraolímpicos, para advertir que Pistorius pode ter fornecido dados incorretos sobre suas polêmicas próteses islandesas de fibra de carbono.

A Federação Internacional de Atletismo (IAAF) se colocou no olho do furacão ao decidir que Pistorius consegue 25% de vantagem sobre os atletas "normais", graças às próteses mais flexíveis e potentes que a perna humana, motivo pelo qual proibiu sua participação não apenas em Pequim 2008, mas também em qualquer torneio que organize. "Jamais poderia imaginar acordar um dia e ouvir que um jovem sem pernas tem vantagens sobre os outros", ironizou por sua vez Luca Pancalli, presidente do Comitê Paraolímpico Italiano. Foi uma síntese do que muitos pensavam. Segundo a IAAF, o deficiente passou a ser um privilegiado.

"Essa negativa seca, brutal, é uma página infame" para o esporte e, se o Comitê Olímpico Internacional (COI) não intervier, "a vergonha transbordará por todos os lados, sepultando qualquer resto de ética e humanidade em um mundo que está perdendo seus valores primários", afirmou Candido Cannavó no site do "Gazetta dello Sport", da Itália, por acaso o principal diário esportivo do mundo.

"É a primeira vez que escrevo para um jornal, mas quero avisar que não me renderei e que apelarei até onde puder contra a decisão da IAAF", afirmou no dia seguinte ao mesmo jornal o atleta, um jovem de 21 anos que sofreu a amputação de suas pernas abaixo dos joelhos quando tinha apenas 11 meses de idade.

Seu pai Heinke, diretor de uma mina de cal em Pretória, fez com que Oscar aprendesse a caminhar desde então ajudado por próteses, que ele precisava trocar a cada nove meses, para que seu filho tivesse uma vida sem problemas e inclusive se tornasse tenista e jogador de rúgbi de destaque, até que uma lesão no joelho o obrigou a passar ao atletismo.

Talentoso no esporte, e tendo como base um grande esforço e treinamentos diários, Pistorius se tornou um atleta inédito, conseguindo em apenas três anos o que, para alguns de seus colegas, requer décadas de esforço: superou todas as marcas de seu evento, ganhou ouro nos Jogos Paraolímpicos e, em 2007, competiu de igual para igual com atletas "normais", o que abriu o debate sobre sua presença em Pequim.

Com tempo apenas três segundos inferior à marca mínima exigida na prova dos 400m, Pistorius hoje corre essa distância em 46s56, o que agrega às suas marcas de 10s91 para os 100m e 21s58 para os 200m, que já lhe permitiram superar atletas "normais" e competir entre os mais rápidos do planeta, um caso incrível para um homem sem pernas.

Sua história, mencionada como um exemplo de superação e de esforço, provocou crônicas emotivas na imprensa, seduziu Hollywood a realizar dois filmes sobre sua vida e atraiu para Oscar patrocinadores do calibre de Visa, Honda, Ossur, Nike e Oakley. Para um mundo esportivo açoitado pela mercantilização e pela corrupção, que imagem poderia ser melhor que a de Pistorius competindo em uma olimpíada?

Quando a IAAF apresentou suas primeiras objeções, Pistorius criticou a organização, afirmando que os dirigentes desejavam proibir seu sonho olímpico sem ao menos estudar as próteses que ele usa. Mas quando recebeu autorização provisória para começar a competir contra atletas normais, em 2007, o corredor denunciou a IAAF por "espioná-lo". A federação o convocou formalmente, em 2 de novembro, em Colônia, Alemanha, para avaliar se suas próteses representavam ajuda tecnológica ao seu desempenho, uma espécie de "tecnodoping". O desempenho de Pistorius foi comparado ao de seis corredores normais, com o uso de 12 câmeras infravermelhas e quatro câmeras de vídeo de alta velocidade, para estudar o apoio e as forças de reação recebidas do solo, analisar o armazenamento e retorno da energia elástica e as alterações de distanciamento e freqüência das passadas, consumo de oxigênio e produção de ácido láctico. A investigação custou 50 mil euros à IAAF.

As conclusões do respeitado médico alemão Gert-Peter Bruggemann foram de que Pistorius, com ajuda dessas próteses, dispunha de assistência mecânica e fisiológica que lhe ofereciam vantagem mínima de 25% com relação aos seus concorrentes. Caso autorizado, o uso das próteses conhecidas como "cheetah" (guepardo) levaria os fabricantes de calçados esportivos a desenvolver sistemas de assistência tecnológica ao desempenho de seus usuários, e um nadador sem pernas poderia concorrer usando nadadeiras que lhe oferecessem vantagem sobre seus adversários, de acordo com fontes na IAAF. Ainda pior, se faltarem a Pistorius rivais em sua atual categoria de atletas que competem com as duas pernas amputadas, ele tampouco poderia ser autorizado a competir nos Jogos Paraolímpicos, porque atletas que correm com apenas uma perna amputada poderiam argumentar, com base em argumentos técnicos sólidos, que ele desfruta de vantagem indevida.

Pistorius rejeita o resultado do estudo porque, segundo ele, as vantagens que o uso das próteses lhe oferece foram avaliadas mas as desvantagens sob as quais compete não foram levadas em conta. O Comitê Paraolímpico Internacional (IPC), que vem apoiando Pistorius firmemente, aceitou o estudo, mas também solicitou à IAAF que avalie, por exemplo, a perda de energia ou de geração de força pelas articulações do joelho e dos quadris, assim como o impacto da amputação sobre o ponto de contato entre a prótese e a perna. Especialistas do site norte-americano The Science of Sport garantem que esses estudos já foram conduzidos, igualmente, e se perguntam até que ponto o novo estudo prometido pela Ossur pode ser independente, já que a empresa fabrica as polêmicas próteses. O site apela para que "não confundamos ciência e marketing".

A IAAF não tomou uma decisão politicamente correta. Boa parte dos dirigentes esportivos do mundo imediatamente se opuseram a ela, e houve até quem propusesse um boicote à Olimpíada de Pequim caso o COI se mantenha passivo e não autorize a participação de Pistorius, "o homem-bala", o "atleta biônico" ou o "Blade Runner", de acordo com os apelidos que lhe foram dados por uma imprensa em geral simpática à sua causa e propensa a denunciar a IAAF por discriminação.

Há que consultar os fóruns de discussão da Internet, onde o discurso costuma ser mais democrático, para descobrir que nem todo mundo rejeita a decisão da federação. "Não competimos nos jogos Paraolímpicos porque somos menos rápidos, capazes ou fortes. Em termos biomecânicos, não faz sentido que atletas com deficiências físicas concorram com atletas que não as apresentam. Uma investigação demonstrou que Pistorius mentiu sobre as medidas de suas próteses. Gostaria que a mídia cobrisse mais os verdadeiros atletas corajosos, que não são 'inspiradores' em função de sua deficiência, mas que a acatam", escreveu uma nadadora paraolímpica norte-americana. "Uma deficiência física significa que existe algo que não posso fazer. E não existe coisa alguma que eu não possa fazer", declarou Pistorius certa vez, o que lhe valeu críticas severas de alguns colegas.

Basta consultar Carlos "Beto" Rodríguez, nove vezes campeão entre os cadeiristas da tradicional prova brasileira de São Silvestre, entre 1991 e 2006, e vencedor de 201 das 400 provas que disputou (96 delas internacionais). "Eu concordo com a decisão da IAAF, mas não só devido aos elementos mecânicos que o estudo considerou. Parece-me que Pistorius está desvirtuando a disputa paraolímpica, que tem atletas de alto nível, muito competitivos", afirmou Rodríguez.

Como encontrar o equilíbrio entre a igualdade de condições em termos de tecnologia, em uma competição, e o direito de competir de um atleta com capacidades diferenciadas? O tema certamente oferece debate interessante. Mas Pequim 2008 não parece o cenário ideal para debatê-lo, porque os esportes olímpicos há muito deixaram de ser apenas jogos.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Maravilha de coluna

Rodrigo Bueno é repórter e colunista da Folha de S.Paulo. Escreve aos sábados (até hoje) sobre futebol internacional.

São dele as matérias antes do começo da temporada européia sobre os brasileiros no continente. Matérias essas replicadas por muitos jornalistas.

A coluna dele de hoje, sobre o Havant, clube da quinta divisão inglesa que enfrentou o Liverpool neste sábado, é excepcional.

Se deliciem. No fim da coluna, o resultado da partida.

Havant & Waterlooville: adeus

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

H OJE acontece o jogo mais legal do mundo no ano. Antes que você veja possível filme sobre a partida daqui a algum tempo, retratarei os personagens principais, já heróis na terra da rainha.
Kevin Scriven: construtor e goleiro, trabalha na empresa do pai. É um cara chato, mas pegou pênalti decisivo na épica campanha da equipe. Justin Gregory: estuda para ser fisiologista e tem o pior cabelo do time. Por injustiça do destino e dureza da federação, está suspenso. Jay Smith: trabalha com planejamento e, nas horas vagas, como hoje, é marcador. Marcará ""Niño" Torres. Phil Warner: motorista de van, já jogou na primeira divisão. Talvez por isso seja o mascarado do grupo.
Tony Taggart: bom companheiro, é um ala-meia-esquerdo tão humilde que ganha o pão como lixeiro. Mo Harkin: jogador de lua, rápido. Jamie Collins: professor primário, deve aprender ao marcar Gerrard. Charlie Oatway: diz não temer o Liverpool. Mais, diz que ""eles" o temerão. Jeitão de mau, mas no fundo faz belos trabalhos comunitários. Joga no meio e é auxiliar técnico.
Alfie Potter: sobrenome mágico.
Futuro promissor e presente incerto. Está só emprestado ao clube. Rocky Baptiste: torcedor do Liverpool, está lutando para ser taxista em Londres. Atacante de raça. Richard Pacquette: espécie de bedel em escola, é um atacante que ""teria" muito recurso. Fez gols vitais.
Tom Taylor: pela foto, parece simpático... e bem fofo. Era o terceiro goleiro, mas o segundo foi embora, e ele agora fica no banco de reservas. Tom Jordan: personal trainer, fez o gol que levou o clube a Anfield Road. Suplente, pode quebrar galho na vaga de Gregory hoje. Seu pai, Joe Jordan, é auxiliar no Portsmouth.
Shaun Wilkinson: conhecido como ""Dente Preto" por ter mesmo dentes bem escurecidos, é uma opção para o meio. Parece trabalhar com isolantes térmicos. Ama jogar. Jamie Slabber: começou jogando no Tottenham, mas algo deu errado e, aos 23, é opção de ataque do time.
Shaun Gale: técnico que gasta o pouco que ganha com gel para o cabelo. Líder que deixa todos falarem. Adi Aymes: preparador físico que foi um bom jogador de críquete. Tão honesto que é executivo no clube. Alan Knight: preparador de goleiros. No site do time, consta que ele é ""um homem que não precisa de introdução". Ok, é o único lá sem foto.
Não havia jogo mais bacana para marcar a despedida desta coluna dos sábados. Por mais de uma década, escrevi nos finais de semana (entre 1997 e 2005, aos domingos). Agora, farei coluna de quinta. Bom, a categoria deve ser a mesma, mas pode pintar aqui o frescor das partidas internacionais de meio de semana. Nada como o Liverpool x Havant & Waterlooville de hoje. Mais sobre esse time que não é nem de quinta (é ""sem-liga" na Inglaterra) na quinta.

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O jogo acabou 5 x 2 para o Liverpool. Mas se engana quem pensa que o jogo foi fácil, o placar foi enganoso.

O Havant fez 1 x 0 e depois 2 x 1. Ou seja, deu trabalho. O gol do 2 x 2 foi histórico. Lucas, ex-Grêmio, marcou o primeiro gol de um brasileiro vestindo a camisa dos Reds. Depois daí foi a facilidade. 5 x 2 Liverpool e classificação para a próxima fase da FA Cup, a Copa da Inglaterra.


Aqui o gol histórico de Lucas. Um golaço!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O Massacre




A foto não nos deixa mentir: O Juventus da Moóca atropelou o Santos no Bruno José Daniel, em Santo André.

O Santos tem um ponto em três jogos disputados. Derrotas para Portuguesa e Juventus e um empate contra o Palmeiras. Sofreu 5 gols e marcou 1.

O que era indício de crise, virou crise, e das grandes.

Agora, é com esse time que o Santos vai disputar a Libertadores?

O torneio da sobrevivência

Está na Folha de S.Paulo de hoje: O Rio Branco, finalista da copinha, já tem todas as suas revelações vendidas.

Leiam vocês mesmos:

Empresários já limparam a surpresa da Copa SP

Destaques do finalista Rio Branco foram vendidos antes de o torneio começar

Felipe, artilheiro do time, tem 40% de seus direitos com agente, enquanto pacote de cinco atletas foi negociado por R$ 230 mil

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Finalista da Copa São Paulo de juniores, o Rio Branco de Americana tem uma das equipes mais promissoras que disputaram a tradicional competição nos últimos anos -o título desta edição será decidido amanhã, contra o Figueirense, que eliminou ontem o São Paulo com uma vitória por 1 a 0.
Mas os clubes interessados nos jogadores da equipe do interior paulista, que está invicta, vão chegar atrasados.
Antes mesmo de entrar em campo pela "Copinha", empresários já tinham comprado vários dos destaques da equipe.
Principal artilheiro do time, com sete gols, o meia-atacante Felipe teve 40% de seus direitos adquiridos por Edison Fassina, empresário com forte presença no interior de SP.
Mais ousado ainda foi Delcir Sonda, dono de uma rede de supermercados que montou uma empresa para negociar atletas -o são-paulino Breno, recentemente vendido para o Bayern de Munique, foi um de seus melhores negócios (a transação lhe rendeu R$ 10 milhões).
No ano passado, ele desembolsou, segundo dirigentes do Rio Branco, R$ 230 mil para adquirir os direitos sobre cinco atletas das categorias de base do clube de Americana, incluindo outros destaques do time na Copa São Paulo, como Índio e Denis, e o atacante Joãozinho, tido como a maior revelação do clube nos últimos anos e que já ficou de fora do time que joga a Copa SP.
"A diretoria anterior vendeu os jogadores por preço de banana", diz Carlos Folha, um dos nove integrantes do colegiado que hoje administra o Rio Branco, que nunca antes havia ido tão longe na "Copinha".
Ele diz que Sonda pode tirar os jogadores do clube quando bem entender. "Está no contrato, e o clube cumpre seus compromissos", diz o cartola.
Clube com tradição de revelar atletas -de lá saíram, entre outros, os volantes Mineiro, Marcos Assunção e Marcos Senna, o atacante Marcelinho Paraíba e dois jogadores que ficaram famosos por serem "gatos", como Sandro Hiroshi e Anaílson-, o Rio Branco garimpou quase toda a equipe que agora brilha em sua região. Felipe, de Piracicaba, é exemplo.
A nova geração, mesmo com boa parte dela já nas mãos de empresários, é a esperança de o clube quitar sua dívida, que os dirigentes calculam hoje em R$ 5 milhões. O mesmo valor, segundo os cartolas, já teria caducado por ser relativo a débitos antigos com o INSS.
"Alguns atletas, como o centroavante Helerson, ainda são 100% nossos", diz Jair Camargo, outro membro do colegiado. "Quando acabar a Copa São Paulo, estamos abertos para qualquer negociação."
Se realmente vender o que ainda resta em suas mãos do elenco que brilha na Copa São Paulo, o clube tornará mais difícil o retorno de seu time profissional à primeira divisão do Campeonato Paulista.
A comissão técnica espera aproveitar oito ou nove jogadores que jogam a competição de juniores na equipe principal.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A volta de Higuita

René Higuita está de volta ao futebol. O goleiro colombiano volta à segunda divisão do futebol colombiano. Jogará pelo Rionegro depois de jogar pelo Guaros de Lara, da Venezuela.

Quando se fala em Higuita, duas imagens vêm à mente: a lambança na Copa de 1990, quando ele tentou driblar Roger Milla na prorrogação das oitavas do torneio. Perdeu a bola e a Colômbia foi eliminada.

A outra imagem é a defesa escorpião, no jogo contra a Inglaterra, em Wembley.

Higuita está com 41 anos e acha que tem muita lenha para queimar. - Velhos são os trapos -, disse o goleiro.

Ele marcou 41 gols. 37 de pênaltis e 4 de faltas. Fez 68 partidas pela seleção colombiana, marcando 3 gols.

Foi campeão da Libertadores em 1989, com o Atlético Nacional de Medellín. Na final do mundial, não foi páreo para o Milan.

Abaixo um vídeo com os melhores - e piores - momentos de Higuita.

A torcida pode distrair um jogador?

A pergunta acima é feita com base em uma notícia da revista americana Sports Illustrated.

A revista traz na sua edição eletrônica a notícia de que a rádio Q104,3 de Nova York, está distribuindo através de downloads em seu site uma máscara da atriz Bridget Monayhan.

Mas por quê? Simples, a final do SuperBowl, daqui a dois domingos, será entre New York Giants New England Revolution.

O New England Revolution conseguiu nesta temporada a temporada perfeita: 16 jogos na temporada regular, com 16 vitórias. E mais as duas vitórias nos playoffs que o colocou no SuperBowl. O maior destaque do time é o quarterback Tom Brady, conhecido no Brasil por ser o namorado da Gisele Bündchen. Ele já conquistou, com os Patriots, 3 títulos do SuperBowl. Bridget Monayhan é sua ex-namorada e os dois têm um filho.

Por isso a rádio Q104,3 de Nova York está disponibilizando máscaras da atriz para que os torcedores do Giants as usem no SuperBowl, afim de desestabilizar Brady que, aliás, é um dos melhores quarterbacks da história do futebol americano.

sábado, 19 de janeiro de 2008

O Irascível Luxemburgo

Vanderlei Luxemburgo tem como filosofia de vida uma visão maniqueísta das coisas. Ou as pessoas estão do seu lado, ou estão contra ele.

É assim também na imprensa. Ele é tratado como "queridinho e mago das substituições" por alguns e por "manager do terceiro mundo" por outros. Isso na visão dele. A questão é que nenhuma das coisas existem. O que existe são profissionais que gostam mais do seu trabalho e os que gostam menos. Não há perseguição. Há afinidade, ou não.

O último caso aconteceu no Arena Sportv desta sexta, 18 de janeiro. O (ótimo) narrador Milton Leite deu a sua opinião sobre a contratação de Léo Lima pelo Palmeiras. Vamos à ela:



Milton Leite fez uma análise correta sobre o jogador. Talvez tenha "carregado um pouco a tinta" ao dizer: "leva a gente a desconfiar de que tem outras coisas por trás desse tipo de negociação".

Mas por quê desconfiaríamos? Simples, o empresário do Léo Lima é o mesmo empresário de Diego Souza. Tudo bem, Léo Lima veio, provavelmente, para suprir a ausência de Caio, vendido nesta semana para a Alemanha. Mas ele é o nome? Não jogou nos seus últimos 3 clubes. São eles: Grêmio - com Mano Menezes, Santos - com Luxemburgo, e Flamengo. Por isso a desconfiança de Milton Leite e de boa parte da imprensa sobre esta contratação. Além do mais, há o fator empresário. É lógico que existem outro fatores. O Palmeiras precisava de um meia reserva. Sabendo disso, Carlos Leite empresário de Diego, sugeriu o nome de Léo Lima. Nada mais normal. Nas grandes corporações também existem casos assim. Um bônus. O Milan, na década de 80, se encantou com dois holandeses do Ajax: Gullit e Rijkaard. Foi comprá-los e ouviu do Ajax que só os levaria se também levasse Van Basten. O resto é história. Negociações são difíceis e, nem sempre, conseguimos o que queremos.

Sobre a passagem de Léo Lima no Grêmio, o próprio Mano fala como foi.

- [...] Teve o incidente em Bento Gonçalves, quando ele foi guarda de trânsito [depois de uma noitada na cidade onde o Grêmio fazia pré-temporada, o meia Léo Lima postou-se no meio da avenida central para comandar o trênsito]. Na reapresentação, depois das férias, ele voltou com 10 quilos a mais. Ele se reapresentou com 18% de percentual de gordura. Deveria ter uns 10%. Ele gostava de contar que ia tomar o seu vinho, não era uma boa influência para os mais jovens. Bem boleirão das antigas. -, disse Mano Menezes na edição de agosto do ano passado da revista Placar. Essa é a contratação do Palmeiras. E não adianta o Luxemburgo vir falar que é um contrato de risco e até falar os valores da negociação (parece que o Antônio Carlos teve com quem aprender) como vocês verão no vídeo abaixo.



Não há perseguição Luxa! Há opiniões. Alguns concordam com você, outros não. Agora, entrar ao vivo e ameaçar o Milton Leite com processo? A melhor resposta foi dada pelo próprio Milton, logo em seguida, vejam:



E o que a CPI tem a ver com isso? Luxemburgo sofre de mania de perseguição. Triste para aquele que é o melhor técnico do país.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Allez Guga!

Guga em Paris: quem disse que sua casa é em Floripa? Foto: EFE




A primeira lembrança que tenho de Guga é anterior à Roland Garros.

Foi no confronto Brasil x Áustria, pela Copa Davis de 1996. Guga jogou bem, mas a grande notícia foi o "piti" dado por Thomas Muster, o melhor jogador do mundo no saibro na época. A torcida, como é costume na Davis, provocou muito os austríacos e Muster abandonou a partida de duplas. O Brasil venceu e se classificou para o Grupo Mundial, a elite da competição.

Na época o Brasil estava em uma entressafra em matéria de ídolos. Senna havia morrido em 1994, Ronaldo ainda não tinha estourado e Romário não fazia muita questão desse "título".

E, sem mais nem menos, em 1997, surge Guga. Derrotou Thomas Muster, Kafelnikov e Brugera. Na final contra Brugera, um 3 x 0 irreparável. O jogo das quartas contra Kafelnikov foi um dos maiores que eu já vi. Kafelnikov no auge. Título de Roland Garros nas mãos do jovem brasileiro desconhecido de muitos.

O feito se repetiria em 2000/01. Um brasileiro campeão de um Grand Slam. Tricampeão. Nem o mais otimista poderia imaginar.

O cabelo espalhafatoso e desgrenhado virou moda. O tênis teve um "boom" no Brasil. Escolinhas foram abertas, professores contratados, ídolos do passado "resgatados".

Vieram outros jogos. Novas conquistas. Novas lembranças.

A final do Roland Garros em 2000, Guga salvando o Match Point do Norman. Depois não conseguindo fechar o jogo. O erro do árbitro em uma bola que daria o título ao brasileiro. O título.

A Masters Cup de Lisboa, no fim de 2000. Guga perdeu o primeiro jogo. Mas se recuperou e foi à semifinal. Pegou Sampras pela frente. Em quadra dura! E ganhou. Depois pegou Agassi e devolveu a derrota da primeira rodada. Melhor do ranking de entradas e na Corrida dos Campeões.

Veio as férias no Havaí, surfando, com cobertura exclusiva de André Kfouri e da ESPN Brasil.

No ano seguinte o Tri, derrotando a "Armada Espanhola", como era chamada a geração de tenistas espanhóis comandada por Carlos Moyá. Na semi bateu Ferrero e na final venceu Corretja.

Talvez o último momento dele tenha sido também em Roland Garros. Oitavas-de-final em 2004. Guga ia enfrentar Roger Federer, já primeiro do mundo, já campeão de Wimbledon, da Copa dos Campões e do Australian Open. Guga voltava da primeira cirurgia. Fazia um torneio regular. - Federer vence de barbada -, disse a maioria.

A "melhor esquerda" do circuito não se intimidou. Forçando o jogo na esquerda - à época - deficiente de Federer, Guga foi minando a confiança do suíço, que passava a errar cada vez mais. Inacreditáveis 3 x 0 para Guga. Federer já deu algumas entrevistas dizendo que uma de suas metas é poder devolver aquela derrota. E, diga-se de passagem, depois daquela derrota, Federer treinou e melhorou muito a sua esquerda, que foi massacrada por Guga naquele jogo. Hoje ele se tornou o mondtro que todos sabemos. Um pouco, por causa de Guga e daquela acachapante vitória sobre Federer.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Caio já foi

O Palmeiras noticiou, na manhã desta segunda-feira, um interesse do Eintracht Frankfurt pelo meia Caio.

Pois bem, o negócio foi fechado a poucos instantes. Por 4 milhões de Euros o jogador - que surgiu no Barueri e foi para o Inter, onde teve poucas oportunidades até vir para o Palmeiras - segue para a Alemanha.

Caio tem 21 anos. Se for levado em consideração a sua idade, demorou para ir embora, em tempos como esse, é claro.

Mas Caio só foi notado mesmo, no segundo semestre de 2007, quando foi titular do Palmeiras em grande parte do returno do campeonato brasileiro. Marcou oito gols no brasileirão. E formou uma boa dupla com Valdívia.

O Palmeiras tem direito a 50% do valor obtido no negócio - 2 milhões de euros, precisamente.

- Estou muito feliz com essa nova possibilidade na minha carreira. Quero aproveitar essa experiência internacional para mostrar meu futebol, conhecer outras culturas, país, e me destacar no mercado mundial -, disse Caio, que viaja na noite desta segunda-feira para Frankfurt.

Agora, uma coisa é certa. Não adianta trazer o Diego Souza é perder o Caio. Por mais que eles, teoricamente, brigassem pelo mesmo espaço entre os titulares, é uma perda considerável para Luxemburgo.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Vola Pato!

Pato estreou pelo Milan nesta tarde. E que estréia! O Milan não havia vencido em casa no campeonato italiano até então. Lógico que não foi pela entrada de Pato que o time venceu hoje. Mas foi, também, por isso.
Pato marca o quinto do Milan e chora no San Siro:
e agora Dunga?


O Milan com Pato, e Ronaldo, é mais ofensivo. Óbvio. Porque conta com dois atacantes mais Kaká ao invés de um atacante isolado e a chegada dos meias.

Não que Pato tenha sido magistral. Não foi. Não chegou perto daquele Palmeiras x Inter no qual ele apareceu. Mas fez uma boa partida.

Talvez pudesse ser o melhor em campo. Talvez. Mas havia um certo Ronaldo jogando. Com dois gols e bons passes, o fenômeno foi o melhor do jogo. É o seu segundo jogo oficial em toda a temporada, de agosto pra cá. Já tem 2 gols. Sua capacidade de decidir ainda impressiona.

O Milan saiu na frente com um gol de Ronaldo, após lindo passe de Pirlo para ele já dentro da área. O goleiro napolitano tentou defender, mas não conseguiu.

O Napoli empatou com Roberto Sosa.

O Milan dominava, mas não vencia. Ronaldo resolveu aparecer mais uma vez. Deu dois passes - na mesma jogada - preciosos para Pato. No primeiro, Pato recebeu e chutou, para excelente defesa do goleiro Iezzo. No rebote, a bola voltou para Ronaldo que, mais uma vez, deixou Pato na cara do gol. Desta vez, muito na cara. Mais precisamente entre a marca do pênalti e a pequena área. Pato, talvez por ansiedade, chutou de esquerda uma bola na qual ele, de direita, tranqüilamente faria o gol. Novo rebote, desta vez para Seedorf, que não desperdiçou. 2 x 1 Milan.

Mas a defesa milanista queria entregar o ouro. Kaladze cometeu pênalti bobo em Lavezzi. Domizzi cobrou e empatou. Fim do primeiro tempo.

Logo no começo do segundo tempo, Ronaldo, de cabeça - fato raro em sua carreira -, marcou o terceiro do Milan. O gás do Napoli acabou aí.

Kaká ampliou o marcador aos 22', em chute de fora da área, após uma bela triangulação envolvendo ele, Ronaldo e Seedorf, com direito a passe de calcanhar do holandês.

Aos 29', a cereja do bolo milanista. Favalli deu um chutão para frente. Pato dominou perfeitamente, já deixando Domizzi para trás. O zagueiro tentou agarrá-lo. Em vão. Ele invadiu a área e tocou, com categoria, na saída de Iezzo. Era o quinto gol do Milan e a sua primeira vitória em casa no campeonato.

O técnico Carlo Acelotti já havia feito a previsão: "Pato vai marcar 30 gols nesta temporada", disse o técnico em dezembro.

Faltam 29.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Os bastidores da "debandada" Tricolor

A mídia está em polvorosa.

O São Paulo entra em "crise". Isso se deve ao fato de que alguns jogadores podem sair do São Paulo.

Podem.

Algumas pessoas já rebaixaram o time de favorito a coadjuvante na briga por títulos em 2008.

Vamos aos fatos:

Leandro não deve ficar. O desligamento só não foi feito por causa da multa rescisória dele. O São Paulo quer recebê-la.

Aloísio tem uma excelente proposta. Pode, sim, sair.

Souza, Hugo e Diego Tardelli. Tardelli teve uma sondagem do Flamengo. O São Paulo pediu U$$ 1 milhão mais 20% em uma possível transferência.

Souza tem proposta do Grêmio. Mas Juvenal só o libera para o exterior. Hugo tem sondagens do Santos.

O São Paulo não vai se desfazer de todos eles ao mesmo tempo. A menos que sejam propostas ótimas, fora da realidade, para o clube.

Por trás das possíveis saídas de Aloísio, Leandro e Souza, estão dois fatores: o primeiro é Juvenal Juvêncio.

Ele gosta de, quando em vez, dar uma mexida no elenco, não deixar os jogadores se acomodarem. Se gaba de ter desfeito o time campeão do mundo em 2005 e conseguido manter o time forte.

Outro fator é a péssima Libertadores que os três - Aloísio, Leandro e Souza - fizeram no ano passado.

Mas Souza não tem culpa de ter jogado de volante, tendo que proteger os "incoseqüentes" Ilsinho e Jadílson.

Leandro não teve culpa de Muricy bancá-lo mesmo sabendo do grave problema de saúde de sua mãe e como isso afetava, para baixo, o seu rendimento.

Aloísio não teve culpa do time estar desarrumado e da bola não chegar.

Dos três, Souza é o único que se acomoda. Até que Muricy chega e o coloca no lugar. Mas não é raro vê-lo jogar bem quando vem da reserva - e entra para decidir algumas partidas -, ou quando tem uma sombra à altura no elenco.

Aloísio e Leandro são "cascudos". É difícil um jogo que Leandro não saia de campo totalmente desgastado fisicamente. Aloísio, apesar de não marcar muitos gols, é muito importante. Faz bem o pivô, ajeitando a bola para quem vem de trás concluir. E sofre muitas faltas nas imediações da área, ou dentro dela.

Essa "mexida" no elenco - muitas vezes necessária, para tirar a acomodação dos atletas - que Juvenal quer fazer , é um erro em se tratando de Aloísio e Leandro. Mas parece inevitável.

As conseqüências podem ser graves. Juvenal está mexendo nos "queridinhos de Muricy": Souza e Leandro.

Isso pode gerar uma "crise" entre ambos.

Só lembrando que, em Abril, tem eleições no clube. E Juvenal é candidato.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Entrevista de Craque

O jornal Folha de São Paulo trouxe na sua edição da última segunda-feira, dia 07, uma extensa matéria sobre o valor de exposição na mídia que o Corinthians obteve entre janeiro e outubro de 2006.

Para explicar o que isso significa e para falar sobre marketing esportivo em geral, o Craque de Blog procurou o consultor e professor de marketing e gestão no esporte Amir Somoggi.

Amir também é especilista em Futebol Negócio, na Casual Auditores, que todos os anos faz um balanço da situação financeira dos clubes nacionais. Ele também colaborou com o livro Marketing & Football: An International Perspective, lançado em 2006 na Inglaterra e que conta com um capítulo dedicado aos negócios do futebol brasileiro. Na entrevista ele também fala sobre os novos acordos de Palmeiras e Corinthians e sobre o mercado europeu. Vamos à ela.


Craque de Blog -
A Folha de São Paulo mostrou na sua edição da última segunda-feira uma pesquisa que diz que o Corinthians teve uma exposição midiática equivalente a 2 bilhões de reais de janeiro a outubro de 2007. Para a maioria das torcidas, esses dados só valem como curiosidade e para as conversas em mesa de bar. Mas, na realidade, qual é valor desses números? E como os clubes podem usá-los a seu favor?

Amir Somoggi - Infelizmente esse tema é a questão central que faz com que o mercado de marketing em clubes não se desenvolva. Esses números são superavaliados e pouco representa em termos de geração de negócios para os clubes. Na prática esses bilhões de reais de cobertura de mídia ajudam os clubes a negociar melhores cotas de patrocínio. Entretanto o que esses clubes deveriam criar é uma nova dimensão comercial para seus negócios, a fim de que o retorno auferido impactasse diretamente em ampliação de receitas em dias de jogos, com suas receitas de mídia e de marketing. Além disso, esse valor, na minha opinião, não reflete a realidade, visto que esse modelo de medição de retorno de mídia deve ser usado para mensurar o retorno de marcas corporativas e não dos clubes. Além disso, é uma análise simplista de um total de horas de cobertura dos jogos e imagens dos clubes, sem nenhuma visão de impacto em um target específico e valores gerados para as marcas patrocinadoras, por exemplo.

Se esse retorno de mídia fosse assim tão bom para as empresas porque a Samsung, que era patrocinadora do Corinthians até então, sabendo que o clube em 2008 terá uma maior ampliação de visibilidade ofereceu um valor menor do que pagava e acabou perdendo o clube?

Craque de Blog - E na questão gastos com o departamento de futebol. Gastar mais é sinônimo de conquistas?

Amir Somoggi - Esse é um aspecto bem controverso, visto que em teoria aqueles clubes com maiores gastos em seu departamento de futebol deveriam abocanhar mais títulos. Entretanto muitos exemplos comprovam que não é verdade, como o caso recente do Ipatinga-MG que conquistou títulos e subiu para a primeira divisão com um orçamento mais enxuto que os seus adversários. O ideal é que os clubes invistam recursos continuamente no seu departamento de futebol montando equipes cada vez mais competitivas e esses recursos devem seguir um rígido controle orçamentário através de um indicador relacionado à geração de receitas.

Craque de Blog - O quão importante é, atualmente, para os clubes brasileiros, a participação na Libertadores? Falando tanto em premiações, quanto em exposição da marca.

Amir Somoggi - Em termos de premiações ajuda as finanças dos clubes, mas representa muito pouco do faturamento total dos grandes clubes como os casos recentes de Internacional e São Paulo, que precisam conquistar o título para ir ao Japão , conquistar o Mundial e assim realmente ampliar suas receitas com premiações. O São Paulo ainda conseguiu ampliar bastante suas receitas com bilheteria em jogos da Libertadores, mas como você pode perceber dependendo exclusivamente do desempenho do clube em campo. Além disso, a Conmebol não conseguiu transformar a competição em um produto de marketing rentável como, por exemplo, a Champions League. Em relação à exposição de marca auxilia os clubes na negociação de cotas de patrocínio com empresas interessadas no mercado Latino Americano, mas é muito pouco. Não conheço nenhum clube brasileiro que utilizou a participação da Libertadores para internacionalizar o seu negócio, que vai muito além da exposição dos jogos pela TV.

Craque de Blog - Palmeiras e Corinthians trocaram recentemente de patrocinador, ambos ganhando mais. O que esses novos contratos mostram?

Amir Somoggi - Mostram que graças à ampliação da cobertura dos jogos dos times e melhores momentos na TV, o patrocinador tem usado os clubes como plataforma de comunicação, uma visão limitada do potencial mercadológico dos clubes. Há um espaço enorme para os clubes desenvolverem uma parceria estratégica com seus patrocinadores, que se convencionou chamar na Europa de estratégia de Co-Marketing. [Nota do Blog: Quando clube e patrocinador alinham seus departamentos de marketing para definirem, de forma conjunta, as estratégias a serem adotadas por ambos]

Craque de Blog - É possível que os clubes brasileiros atinjam um nível de faturamento próximo ao nível dos clubes europeus?

Amir Somoggi - A cada ano o abismo econômico do mercado brasileiro frente ao mercado europeu tem se acentuado. Na minha opinião fica cada vez mais difícil que os clubes grandes do futebol brasileiro atinjam o patamar de geração de receitas dos grandes clubes europeus como Real Madrid, Barcelona, Manchester, Arsenal, etc. Entretanto tenho feito diversas projeções que comprovam que os grandes clubes brasileiros poderiam tranqüilamente superar as receitas de clubes de segunda linha da Europa como os escoceses Celtic e Rangers ou os portugueses Benfica, Porto e Sporting.

Craque de Blog - O telespectador, cada vez mais, muda de canal nos intervalos comerciais. Sabendo disso, qual a importância do patrocínio de camisas e da publicidade estática (placas no campo) em um jogo que tem a duração de 90 minutos?

Amir Somoggi - Realmente com o controle remoto nas mãos o consumidor a cada dia fica menos impactado pela propaganda, fazendo com que o patrocínio seja uma boa ferramenta de comunicação. Entretanto os cases pelo mundo comprovam que sem ações integradas de marketing a exposição de marcas patrocinadoras por si só não representa muita coisa. O marketing esportivo no Brasil, principalmente em clubes de futebol deve passar por uma reinvenção, onde o patrocínio seja a porta de entrada para um mundo repleto de oportunidades de comunicação, relacionamento e comercialização.

Craque de Blog - O São Paulo é o “case” a ser estudado quando o assunto é marketing esportivo no Brasil? Se sim, por quê?

Amir Somoggi - Não concordo, o São Paulo não pode ser considerado case no Brasil, visto que depende exclusivamente do desempenho das competições para ampliar suas receitas. E se o Aloísio não tivesse marcado aquele gol, ou o Rogério Ceni não tivesse defendido aquela bola indefensável? O marketing não pode se balizar no imponderável do esporte. O clube embora esteja à frente dos demais, está muito distante de tornar-se um case. Para mim case é o Real Madrid que ficou sem ganhar nada de 2003 a 2007 e nesse período tornou-se o clube com maior receita do mundo. O São Paulo bem como os demais clubes brasileiros devem criar um novo alcance para seus negócios, criando vínculos comerciais com seus torcedores/clientes e empresas, para que assim as receitas cresçam a cada ano independentemente do desempenho do clube em campo.

Craque de Blog - Falando de exposição na mídia, o quanto um clube como o São Paulo, que repatriou por 6 meses o Adriano, ganha em exposição da sua marca fora do país? E essa exposição fora do país favorece o clube em quais aspectos?

Amir Somoggi - Obviamente que a vinda do Adriano está movimentando o mercado e o clube deve capitalizar isso. O principal benefício é a atual carência de ídolos e o clube deve, por pelo menos 6 meses, suprir essa necessidade da torcida. Seguramente veremos muitas camisas do Adriano pelas ruas, que implicará em um aumento de receitas para o clube.

Craque de Blog - De tempo em tempo, algum clube ou alguns jogadores se indispõem com a imprensa e fazem uma greve de silêncio. Até que ponto essa greves prejudicam o time? E como combatê-las? Descontar no salário de imagem é uma solução?

Amir Somoggi - Essa seria uma solução radical. Muitas vezes é o próprio clube que fomenta essa iniciativa de silêncio. Sou absolutamente contrário a esse tipo de ação, visto que passa uma imagem de amadorismo na gestão de crises perante a opinião pública. O ideal é criar um canal contínuo de relacionamento com os veículos de comunicação, utilizando essa intensa cobertura de mídia para impulsionar os negócios dos clubes.

Craque de Blog - Como você vê o marketing esportivo no país hoje?

Amir Somoggi - Vejo o marketing esportivo no Brasil em ascensão, mas infelizmente está sendo utilizado em premissas equivocadas. Quem conhece bem o marketing esportivo sabe que talvez seja a melhor estratégia de marketing atualmente no mercado. Há que se entender como explorar as oportunidades do mercado de forma correta e muito mais eficiente.

Craque de Blog - Os clubes brasileiros são praticamente “reféns” do dinheiro das transmissões dado pela Rede Globo. Qual a saída para eles serem menos dependentes do dinheiro da televisão e, mesmo assim, aumentarem a sua receita?

Amir Somoggi - A Rede Globo hoje é o maior investidor do futebol brasileiro e para muitos clubes que não tem nas transferências de atletas sua principal fonte de receita, a salvação para tentarem equilibrar seus orçamentos. Os clubes devem desenvolver o seu negócio focando em uma visão de longo prazo, estruturando estratégias contínuas de exploração de suas marcas e principalmente no conceito de matchday [dias de jogos], fazendo com que seus jogos sejam uma atividade de pura experimentação para os torcedores. Com relação às cotas de TV entenderem que se pode gerar muita receitas com outras alternativas de mídia como a Internet, telefonia móvel, games, e novos conteúdos próprios que podem ser desenvolvidos com a Globo ou como outros parceiros.

Craque de Blog - Por quê existem tão poucos clubes com produtos licenciados por empresas sérias no país. E por quê, quando existem, os produtos são tão caros, como é o caso das camisas de futebol?

Amir Somoggi - O maior problema do licenciamento no Brasil é que os clubes querem ter 1000, 2000 itens mas não criam campanhas de marketing para valorizar seus produtos. Os clubes têm que compreender que o licenciamento deve ser desenvolvido junto com o ambiente mercadológico do seu negócio. Além disso, as camisas oficiais representam em muitos casos cerca de 80% de tudo que se gera com licenciamento pelos clubes, principalmente na Europa.

No Brasil ainda não se percebeu que deve ser despertado o desejo pelas camisas oficiais e para isso é indispensável a criação de campanhas de marketing para motivar a compra por parte do torcedor. Além disso, na Europa já se percebeu a importância do conceito de volume de negócios, vendendo mais barato e em muito mais quantidade. Por exemplo, em um mercado europeu que uma camisa custa 70 euros, há várias opções com valores muito menores. O que falta para esse mercado se desenvolver é criar benefícios intangíveis na compra dos produtos, divulgar como as empresas fazem para ampliar suas vendas e entender que os royalties gerados pelas vendas de camisas são um potencial fantástico de receitas, não só no Brasil como em todo o mundo.

Reforços

Corinthians, Santos e São Paulo anunciaram hoje mais contratações.

O Corinthians trouxe Perdigão para o meio de campo. Perdigão foi bem no Inter, mas a reserva lhe incomodava. Foi para o Vasco onde pôde mostrar um pouco mais. Mano o conhece dos tempos de Grêmio e a torcida do Corinthians o conhece da derrota por 1 x 0, no Pacaembu, para o time vasacíno. Ele entrou no depois do gol de Alan Kardec para cadenciar o jogo, tocar a bola. E fez o trabalho muito bem. Boa contratação. Falta ao time agora um vlante mais pegador, já que Perdigão é um segundo volante.

O Santos levou Betão. Entre Adaílton, que foi embora, e Betão, o primeiro me parece melhor. Não há muitas diferenças entre eles.

O São Paulo trouxe, por empréstimo de seis meses, o volante Fábio Santos, do Lyon. Um pedido do Muricy, que trabalhou com ele no título paulista do São Caetano em 2004. É um volante de muita pegada, com qualidade na saída de bola e alguns problemas extra-campo. Mas Muricy e Milton Cruz avaliam que ele pode dar ceto no São Paulo, como contestar? Bom reforço para a Libertadores, um torneio que tem "pegada" no sobrenome.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O sertão virou mar. Vermelho!!!

O capitão Fernandão com a taça da Copa Dubai: mais do que o título, o que vale é o reconhecimento internacional


O ano é 1908. A família Poppe, de origem italiana, chega a Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, vinda de São Paulo. Logo abrem uma loja de roupas e começam a ganhar dinheiro.

Os três irmãos: Henrique, José e Luís querem se associar a algum clube na capital gaúcha. Jovens - então na faixa dos 20 e poucos anos - eles queriam praticar esportes. Tentam se associar ao Grêmio, clube que já existia há 6 anos. Para a surpresa deles, não são aceitos. Como também não foram aceitos nos clubes de remo, de tiro, de tênis. A justificativa era sempre a mesma: gente recém-chegada, pouco conhecida.

O que se faz então em uma hora dessas? Funda-se um clube, pensaram.

Foi o que fizeram os três descendentes de italianos. Em 4 de abril de 1909, eles fundam o Sport Club Internacional. O nome é uma homenagem ao time italiano da Internazionale de Milão, terra de onde vieram os pais do trio de jovens esportistas.

Hoje, quase 99 anos depois, criador e criatura se encontraram em Dubai. O jogo valia pouco para o irmão mais velho, o italiano. Mas valia muito para o irmão mais novo. Além da conquista, valeu o reconhecimento internacional. O Inter é visto com destaque na capa das edições online do diário argentino Olé e do italiano Gazzetta dello Sport. Ambos destacam o golaço de Nilmar, de bicicleta. Gol que deu o título ao Inter. Gol que rendeu aos cofres colorados 1 milhão de dólares. Gol que já fez com que o Real Madrid convidasse o Inter para um amistoso no meio do ano.

Quem julga que o time italiano fez pouco caso, se engana. Na semifinal, o italianos bateram o Ajax nos pênaltis com um time pra lá de misto. Hoje o time entrou em campo com uma cara muito parecida ao do time que se mantém invicto no campeonato italiano. Dos titulares absolutos, Cambiasso e Julio Cruz estiveram de fora. O resto do time foi o que Roberto Mancini costuma escalar nas partidas do Calcio.

Fernandão marcou para o Inter logo no primeiro minuto de jogo. A Inter empatou com o chileno Jiménez faltando 5 minutos para o primeiro tempo acabar. Jiménez que virou titular absoluto após a contusão de Luis Figo.

No segundo tempo, aos 20 minutos, em jogada ensaiada o Inter marcou o segundo. Alex levantou na área uma bola da intermediária. Marcão ganhou da zaga italiana pelo alto e a bola ficou para Nilmar marcar, de bicicleta, seu primeiro gol após a sua volta ao Beira-Rio.

O Inter agora continua a sua pré-temporada em Dubai. Muito mais feliz.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Entrevista de Craque

O Craque de Blog entrevistou o escritor e jornalista José Roberto Torero. Torero é autor de alguns livros premiados como o Chalaça, Terra Papagalli e Dicionário Santista.

Torcedor fanático do Santos, escreveu o roteiro do curta-metragem Uma História de Futebol, que concorreu ao Oscar. O filme conta a história do garoto Gasolina em Bauru. Ele que viraria, anos mais tarde, o Pelé.

Torero acaba de lançar o primeiro livro de seu mais novo "personagem", o Lelê, seu sobrinho fictício. Ambos, Torero e Lelê, mantêm blogs muito acessados. Você encontra os respectivos blogs nos favoritos aí no lado.

Vamos à entrevista.

Craque de Blog - Você é um dos escritores mais brilhantes da sua geração. Mas não é só isso, você também é diretor e roteirista de cinema, além de jornalista esportivo. Qual dessas atividades você considera a sua atividade principal e por que?

José Roberto Torero - Acho que minha atividade principal é escrever livros. Não porque eu faça isso melhor que as outras coisas, mas porque é a que mais gosto de fazer. As outras atividades são trabalhos e diversões.

Craque de Blog - Recentemente você deixou órfãos seus leitores ao anunciar que deixará de escrever sua coluna na Folha de São Paulo para se dedicar a um livro. Pode adiantar algumas coisas sobre esse livro? Sobre o que fala, o título, quando será lançado?

José Roberto Torero - Não posso falar sobre ele. Dá azar. Acho que ainda deve demorar um ano para ficar pronto. O pior é que esta semana tive uma idéia para um outro livro, e também já comecei a escrevê-lo. Pensando bem, talvez leve dois anos.

Craque de Blog - Torero, por que você escolheu o jornalismo esportivo e como foi parar na área?

José Roberto Torero - Eu já havia escrito um livro sobre o Santos (meu terceiro livro, “Santos, um time dos céus”), e era colunista (do caderno de cultura) do JT [Nota do blog: Jornal da Tarde]. Então a Folha de S.Paulo me convidou para escrever sobre futebol e eu aceitei.

Craque de Blog - Você tem toda uma gama de personagens que habitam as suas colunas. Como é o seu processo de criação desses personagens?

José Roberto Torero - Eles surgem porque eu quero falar sobre um determinado assunto. Por exemplo, o Zé Cabala surgiu quandom eu quis fazer previsões sobre os jogos (só depois ele passou a ser o caminho para que eu entrevistasse jogadores mortos), Tico e Teco porque eu queria falar sobre regulamentos (que eram muito absurdos) e Raimundo, o rei do submundo, porque fiquei sabendo algumas histórias de corrupção e precisava contá-las de algum modo.

Craque de Blog - Dizem por aí que, todo jornalista esportivo é um jogador de futebol frustrado. Você Concorda? Como foi com você? Lembro-me de uma coluna sua contando uma história na qual você se imaginava um jogador. Foi verdade?

José Roberto Torero - Concordo. Eu, por exemplo, fiz um teste para um time de várzea chamado Universo. E, como conta aquela coluna, fui rejeitado pelo Universo.

Craque de Blog - Qual a sua posição sobre a atual situação política do país. Continua sendo “de esquerda”? E a sua avaliação do governo Lula?

José Roberto Torero - Continuo sendo de esquerda, o Lula é que não. Fiquei decepcionado com o governo dele, mas não acho pior que os anteriores. O que é ainda mais triste.

Craque de Blog - A sua carreira é marcada pelo brilhantismo com que você faz as coisas. Mas é, também, marcada pela quantidade de coisas que você fez com o tema amor. O que o amor representa para você? E onde ele se encaixa na hora de cada projeto seu?

José Roberto Torero - O amor, para mim e para todo mundo, é algo muito importante na vida, é a coisa que mais facilmente nos traz felicidade, sejamos pobres ou ricos, velhos ou jovens.

Craque de Blog - Qual é o trabalho que, quando você olha de novo, te dá mais satisfação por ter feito?

José Roberto Torero - O Chalaça e Terra Papagalli

Craque de Blog - Como todo escritor, você deve ser um leitor voraz. Como essa característica ajuda no seu trabalho e no seu aprimoramento?

José Roberto Torero - Não existe escritor que não seja leitor. O chato é que, quando você passa a ser escritor, começa a ter menos liberdade de leitura. Por exemplo, agora eu quase só leio coisas sobre o assunto do próximo livro. Estou virando um expert em Bíblia.

Craque de Blog - Quais as suas preferências quando o assunto é a leitura? Quais os livros que mais te agradaram?

José Roberto Torero - “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis foi um livro que me fez ver as coisas de um modo diferente. Ele acaba com sua ingenuidade. “Grande Sertão: veredas” talvez seja o melhor livro que já li. E cito ainda Hocus-pocus, de Kurt Vonnegut Jr. e entre os recentes, “Memórias da menina má”, de Mario Vargas Llosa.

Craque de Blog - Saindo dos livros e indo para o cinema, quais os gêneros de filme que você gosta?

José Roberto Torero - Prefiro comédia.

Craque de Blog - E dos filmes esportivos, cite aqueles que te impressionaram, histórias reais ou não.

José Roberto Torero - O melhor que já vi foi “Garrincha, alegria do povo”, um belo documentário.

Craque de Blog - Ao mesmo tempo em que anunciou que sairá de cena para acabar o livro, disse que volta para trabalhar nas Olimpíadas. Como é a sua preparação para cobrir eventos especiais, como Olimpíadas e Copa do Mundo?

José Roberto Torero - Para os Jogos Olímpicos de Sydney eu preparei algumas histórias com seres mitológicos e li sobre os antigos jogos. Para a Copa do Mundo levei algumas pautas, algumas idéias, e mesmo um ou outro texto já começado. Mas é claro que lá você tem novas idéias e muda todo seu planejamento de acordo com os fatos.

Craque de Blog - Desde o ano passado, a Internet brasileira tem um novo fenómeno, que é o blog do Lelê. Quem é ele?

José Roberto Torero - Leocádio, mas que todo mundo chama de Lelê, é meu sobrinho fictício de oito anos. Ele teve um blog durante a Copa e fez tanto sucesso que passou a ter um blog próprio. Por sinal, muito mais lido que o meu.

Craque de Blog - Como surgiu a idéia de criá-lo e qual o intuito de criar um personagem infantil como o Lelê?

José Roberto Torero - Ele surgiu na Folha. A idéia era mostrar os jogos de futebol pelos olhos de uma criança. Agora, uso o Lelê para escrever alguns causos que aconteceram comigo quando eu tinha oito anos: a primeira paixão, o primeiro braço quebrado, a primeira morte de alguém conhecido, o desejo de virar vegetariano depois de conhecer os bichos de uma fazenda, etc...

Craque de Blog - Você já parou para pensar na importância que ele pode ter para toda uma geração de crianças? Porque com as histórias do Lelê, você acaba ensinando as crianças de uma forma muito eficaz.

José Roberto Torero - Acho que ele não será tão importante assim, mas de vez em quando tenho tentado falar de história

Craque de Blog - O Lelê pode ser para essa geração o que o Menino Maluquinho foi para as gerações passadas? O que você pensa disso?

José Roberto Torero - Acho que é uma comparação muito gentil e um tanto exagerada. O Lelê já teve mais de um milhão de acessos, mas ainda está longe do Menino Maluquinho.

Craque de Blog - Como nasceu a sua paixão pelo Santos?

José Roberto Torero - Nasci em Santos em 1963. Ou seja, nem havia como não torcer pelo time.

Craque de Blog - Em algum momento a revelação de que você é santista te atrapalhou na sua carreira como jornalista esportivo?

José Roberto Torero - Nunca. Logo de cara falei que torcia para o Santos, ou seja, assumi que era um autor subjetivo. E a subjetividade assumida é mais honesta que a objetividade presumida.

Craque de Blog - Com a crescente onda de fanatismo e violência por parte dos nossos torcedores, você teme por sua segurança por ser declaradamente santista?

José Roberto Torero - Não, nunca tive problemas.

Craque de Blog - Poderemos sonhar ainda com o Torero de volta à televisão? O que você pensa da idéia?

José Roberto Torero - Já tive um programete de cinco minutos no Canal Brasil, onde eu entrevistava objetos. Talvez faça um programa mais longo lá, mas nada diretamente ligado ao futebol.

Craque de Blog - O que mais você mais aprecia nos seus amigos?

José Roberto Torero - O bom humor. E ver que estão com menos cabelo do que eu.

Craque de Blog - Quem você gostaria de ser se não fosse você mesmo?

José Roberto Torero - Matusalém, que viveu 969 anos.

Craque de Blog - Que profissão, excetuando-se a sua, você gostaria de ter?

José Roberto Torero - Senador. Ou vice-presidente. Enfim, algo que não desse trabalho.

Craque de Blog - Ao final de toda a sua vida, como você gostaria de ser lembrado?

José Roberto Torero - Com ódio pelos meus credores.

Craque de Blog - Se Deus existe, o que gostaria que ele lhe dissesse quando chegasse ao Céu?

José Roberto Torero - Não, não é engano, seu lugar é aqui mesmo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A Libertadores

Os favoritos da Libertadores são, sempre, os times mais tradicionais. Então Boca, São Paulo, River, Estudiantes, Santos e Flamengo saem na frente nesse quesito.

Pelos times em si, sobram Boca, São Paulo e Flamengo.

O Boca é e, sempre será, forte. Conta com a volta do jogador que fez a diferença na Libertadores 2007 - Riquelme. Mas acaba de perder uma peça importante. O jovem volante Ever Banega foi vendido para o Valencia, da Espanha. O time perdeu também o técnico Miguel Angel Russo. Para seu lugar chegou Carlos Ischia, que foi indicado por Carlos Bianchi, o Sr. Libertadores.

O São Paulo, diferente do ano passado, não terá que reformular o seu time. E conta com a chegada de Adriano e a permanência de Jorge Wagner como trunfos para conseguir o tetra.

O Flamengo contratou muito bem para a Libertadores. Trouxe bons reforços como o zagueiro Rodrigo, os volantes Jônatas, Kléberson e Gavillán e o meia Marcinho. Junte-se a isso a base que conquistou o terceiro lugar no brasileirão do ano passado, e pronto, é um time que briga pelo título.

Há ainda as surpresas que podem aparacer. Em 2004, o Once Caldas, não só apareceu, como foi o campeão do torneio.

Em 2005, o Chivas Guadalajara chegou até a semifinal e o Atlético Paranaense foi vice.

Em 2006, o paraguaio Libertad fez a semi-final contra o Inter, fazendo jogo duro até no Beira-Rio. Não suportou a pressão e foi eliminado.

Em 2007, o Defensor do Uruguai eliminou o Flamengo nas oitavas e complicou a vida do Grêmio nas quartas. Outra surpresa foi o próprio Grêmio, saído da Série B para a final da Libertadores em 1 ano. A maior supresa porém ficou a cargo do Cúcuta Deportivo, da Colômbia. Foi líder do grupo que tinha o River Plate como "cabeça-de-chave". Com um futebol ofensivo, irreverente e de extrema habilidade, eliminou os argentinos logo na fase de grupos e só parou na semifinal, quando foi eliminado pelo Boca Juniors.

Em 2008, a surpresa pode ser o Arsenal de Sarandí, time do coração do presidente da AFA - Associação de Futebol da Argentina -, Julio Grondona. O Arsenal surpreendeu o continente ao vencer Chivas, River Plate e América do México e sagrar-se campeão da Copa Sul-Americana em 2007.

Essa Libertadores tem tudo para ser a mais forte - e a mais disputada - dos últimos tempos.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Diga que valeu!!!!


É, já é 2008!

Por pior que tenha sido 2007, alguma coisa deve ter valido apenas. Então pense nas coisas que deram certo. E reflita sobre as que deram errado. Mas não se culpe excessivamente. Deu errado, bola pra frente.

2008 começa com a expectativa das Olímpiadas de Pequim, da Libertadores mais forte dos últimos tempos, da série b mais falada da história.

No campeonato paulista, São Paulo e Palmeiras - este dependendo da contratação de jogadores ainda - saem como favoritos. No Palmeiras é dada como certa a chegada de Alex Mineiro, Elder Granja e Maldonado. Uma aposta pessoal minha é Eder Luís, do Atlético Mineiro.

Em 2006, Luxemburgo tentou levar Eder Luis para o Santos. O jogador chegou a treinr no CT Rei Pelé por 2 semanas. Mas o Atlético Mineiro estava respaldado por contrato e fez valer o que estava escrito para contar com Eder. E essa aposta deu resultado, já que ele foi destaque na campanha da série b e foi muito bem na série a em 2007 - talvez o ponto alto dele tenha sido justamente o jogo contra o Santos na Vila, quando marcou 2 gols no empate por 3 x 3. E ele tem o perfil das contratações do Palmeiras: é ótimo jogador e é jovem, o que pode render uma boa grana com uma futura venda.

Leão, ex-técnico do Galo, também quer Eder. Como quer também Leandro Almeida e Rafael Miranda. Leão quer tirar do Galo a sua espinha dorsal. Se conseguir, será uma tacada de mestre. Os três são ótimos jogadores.

A única preocupação no Santos é a "birra" Leão-Luxemburgo. Quem tem afinidade com um, não joga com o outro e vice-versa. É o caso de Maldonado, que pode ir para o Palmeiras. Um equívoco. Assim como é equivocada a contratação de Marcinho Guerreiro. Depois da saída de Robinho, talvez as maiores revelações do Santos sejam os volantes Adriano e Dionísio. Aí o time traz Marcinho Guerreiro? Fala-se em Danilo e Fabão. Danilo disse a Muricy que não quer voltar. Fez até gol no título do Kashima hoje. Difícil repatriá-los.

O Corinthians contratou a rodo. Mas, com toda a certeza, a maior contratação, depois de Mano, foi a renovação de Felipe. Acosta pode fazer um ótimo papel, junto com Herrera. A renovação de Finazzi também foi importante. Mano pode escalar Finazzi com Acosta, Herrera e Lulinha se revezando, como fez no Grêmio. Mas nem sempre quantidade é igual a qualidade. Essas contratações lembram muito as contratações de 2004, quando o time trouxe Adrianinho, Régis Pitbull, Samir, Rodrigo Beckham, Julinho, entre outros. Não deu certo. Em comum as duas épocas têm um personagem: Andrés Sanches, atual presidente corinthiano e diretor de futebol em 2004.

O São Paulo ainda não confirmou mas está tudo certo: Jorge Wagner fica por mais três anos. A contratação dele junto ao Bétis era tratada como uma contratação de impacto pela diretoria. E isso se deu por alguns motivos: é um jogador tranquilo, que não brigou e não fez intrigas quando estava no banco. É polivalente - joga na ala, na meia, e faz às vezes de volante. E, o principal, foi o líder de assistências no campeonato brasileiro de 2007 com 12 passes para gol. E marcou 4 gols. Você pode pensar que é pouco. Em se tratando de São Paulo, onde os artilheiros do time no brasileirão - Rogério e Dagoberto - fizeram 7 gols, está bom.

O time trouxe também Juninho e Joílson, ambos do Botafogo. Juninho foi um dos melhores zagueiros do brasileirão. E fez 10 gols no torneio. O São Paulo estava atrás de Chicão - que foi para o Corinthians -, mas preferiu Juninho. Isso porque, desde a saída de Lugano, o time buscava um zagueiro para a "sobra". E, nesse aspecto, Juninho é o melhor do país. Pode não ser um primor quando sai para dar o combate mas, na sobra, é o melhor. Contratação acertada, portanto.

Joílson vem para suprir a ausência de laterais do time. Com a venda de Ilsinho e a lesão de Reasco, o time não tinha que jogasse por ali. Souza não rendeu como em 2005/06.

O time procura por um meia que também saiba marcar com eficiência. Diego Souza é prioridade. Mas não se espantem se Marcello Gallardo aparecer. Ele teve duas reuniões com os diretores do São Paulo. A negociação esfriou por causa do interesse do Besiktas, da Turquia, na contratação dele.

Fabio Santos está muito perto de vir. O São Paulo já tentou trazê-lo por 2 vezes. Na primeira - no começo do ano passado -, o Cruzeiro o vendeu para o Lyon. Na segunda, em agosto, o Lyon até aceitou, mas como vendeu o volante Tiago para a Juventus, viu que não podia se desfazer do jogador.

Amanhã, os favoritos para a Libertadores.