Fiori Gigliotti nasceu em 27 de setembro de 1928, em Barra Bonita (SP). Em sua juventude, acompanhava a Rádio Difusora de São Paulo. Aos 17 anos, já narrava alguns jogos, mas nada profissional. Sua inspiração para entrar no rádio foi o narrador Rebelo Júnior. Ele começou no rádio no dia 26 de Maio de 1947, na cidade de Lins, apresentando o "Alô Gurizada", programa de auditório da Lins Rádio Clube. Em 1949, esteve na Cultura de Araçatuba e fez tanto sucesso com os programas "Crepúsculo Romântico" e "Quando Fala o Coração" que precisou deixar a cidade por causa do assédio das fãs. Uma delas, até, se apaixonou por ele e o perseguiu. Voltou para a Rádio Clube de Lins no mesmo ano.
Ele ficou na Bandeirantes até 1958. Neste ano acontece um troca-troca nas rádios de São Paulo: a Bandeirantes contratou Pedro Luiz, da Pan-Americana (atual Jovem Pan), assim Fiori caiu para terceiro narrador. Paulo Machado Carvalho, o Marechal da Vitória e dono da Pan, bancou a multa rescisória e o levou, como narrador titular. Em 1962, ele transmitiu a Copa no Chile, a primeira de dez que acompanhou in loco.
Em 1963, mais precisamente no dia 16 de Outubro, retorna à Bandeirantes, desta vez como titular. Começa aí o Mito Fiori Gigliotti. Milhares de adultos, crianças na época, o imitavam ao jogar botão. Pais e filhos escutavam suas narrações juntos. Como não se lembrar de seus bordões? Talvez o mais clássico seja "Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo, torcida brasileira" Mas tem muitos outros:
“Balão subindo, balão descendo";
“Ele pega a bola, pisa na bola, controla a bola, ele gosta da bola”;
“O tempo passa";
"Tenta passar, mas não passa!";
"Crepúsculo do jogo";
"Agüenta coração!";
"Uma beleeeeza de gol!";
"É fogo!, é gooool";
"Um beijo no seu coração";
“Pelé, o moço de Três corações”.
Por falar em Pelé, nenhum outro narrador narrou tantos gols do Rei como Fiori.
Fiori, como seu nome já bem diz, era uma flor. Ele sempre fez questão de se dar bem com todos. Tanto que criou o Scratch do Rádio, uma equipe de futebol formada por radialistas e companheiros de imprensa que rodava o Brasil e jogava contra equipes locais. Com isso, ele se tornou ainda mais querido e popular. Em razão disso, tornou-se o recordista em títulos de cidadão recebidos. Foram 162 comendas ao todo que ele recebeu. Em 1966 ele se torna diretor de esportes da Rádio Bandeirantes, cargo que ele ocuparia até a sua saída, em Janeiro de 1996.
Em 1996, ele vai para a Rádio Record, também como diretor de esportes. Lá permaneceu até a metade do ano passado. Em Agosto de 2005, tivemos o prazer de contar com Fiori na Tupi AM. Foram sete meses maravilhosos, em que convivemos com um ótimo profissional mas, acima de tudo, com uma ótima pessoa. Sempre alegre, forte, bondoso e carinhoso com todos, desde a produção até a central técnica, passando pela direção da rádio.
Em março deste ano ele se foi para a Rádio Capital, deixando saudades e amigos na Tupi Am.
E, na última quinta-feira, para a tristeza de todos nós, ele se foi. Quando estava prestes a acompanhar a sua décima segunda Copa do Mundo.
É difícil acreditar que uma pessoa tão forte como ele, parta assim, tão abruptamente. Uma pessoa que, apesar da sua idade já avançada, estava com 77 anos, não deixava de fazer nada. Fazia hidroginástica, adorava pescar, cuidava das suas plantas e até capinava o terreno da sua chácara com a enxada na mão.
Fiori se foi, deixando órfãos milhões de pessoas. Com ele se foi também um estilo de narração. Um estilo clássico que transformava um simples jogo em um espetáculo. Porque, para ele, todos os jogos, independente dos times, era um espetáculo.
Um beijo no seu coração Fiori e, saiba que, você vai ficar para todo o sempre incrustado no nosso coração.
Fecham-se as cortinas e acaba o espetáculo!
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