segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O juiz

Fausto Martin de Sanctis. Esse é o nome que assola as mentes da ex-diretoria corinthiana. Ele é o responsável pelo processo contra Boris Berezovsky.

Ele deu uma boa entrevista para o jornal Folha de São Paulo. Aqui colocarei só o pedaço em que ele fala do caso MSI/Corinthians. Para ler a íntegra: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2409200722.htm (só para assinantes da Folha ou do UOL)

FOLHA - O sr. está com um caso de lavagem envolvendo a parceria Corinthians/MSI. Por que usar o futebol, que está enraizado na cultura brasileira, para lavar dinheiro?
DE SANCTIS
- Eu não posso afirmar que houve uso do futebol. Existe a acusação de uma lavagem e o futebol seria o meio dela. Isso é uma acusação. Como falei antes, a criminalidade organizada vai para os caminhos em que não há controle algum.

FOLHA - Futebol é um caminho fácil para lavar dinheiro?
DE SANCTIS
- Desconheço outro feito que envolva futebol diretamente. Agora, a gente sabe, até por comentários de jornalistas especializados, que existem problemas éticos sérios, o que talvez seja um facilitador para a lavagem. Isso tem de ser averiguado no processo.

FOLHA - Se o clube for condenado na Justiça, ele deve ser condenado no âmbito esportivo também?
DE SANCTIS
- Não posso falar do âmbito esportivo. As ações da PF e da Justiça têm tido uma repercussão enorme na sociedade. Entrei em contato com uma pessoa do mercado financeiro que disse que o impacto de algumas decisões de varas especializadas têm compelido o mercado a tomar certas cautelas, têm feito pessoas refletirem sobre tudo, para que estabeleçam controle sobre elas mesmas e não sejam acusadas de contribuir com a lavagem.

FOLHA - O sr. se sente pressionado ao julgar um caso que envolve a paixão futebolística?
DE SANCTIS
- Em todos os casos tento dar consistência à minha convicção, que tem de chegar ao papel de forma clara para que os tribunais apreciem aquilo que julguei. Muitos casos vão para a imprensa por conta das paixões sociais e pessoais. Tento, de todas as formas, não me envolver. O juiz já se desgasta em tomada de decisões, se angustia porque entra em choque com seus valores pessoais, seus eventuais preconceitos.

FOLHA - A disputa entre a PF e o Ministério Público, como ocorreu no caso do Corinthians, prejudica a investigação?
DE SANCTIS
- Se existem instituições que estão disputando entre si, é péssimo, só favorece o crime organizado. Se hoje fala-se em cooperação internacional, é porque nacionalmente todos têm de cooperar. Uma disputa não é salutar, pois fomenta a vaidade e manobras de determinadas partes, que vão se valer de intrigas para conseguir algum benefício judicial.

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