sábado, 15 de dezembro de 2007

Mar de Lama continua

Já foi falado aqui sobre o "Mar de Lama" que cobre o esporte nos últimos tempos. Dinheiro sujo sendo investido em clubes, casas de apostas tendo árbitros como apostadores, doping, entrega de resultados, jogador metido em rinha de cachorros, tudo da melhor espécie.

Jurgen Klinsmann, ex-técnico da seleção alemã, terceira colocada na Copa passada, esteve no começo do mês no Footecon, fórum de futebol promovido por Carlos Alberto Parreira todo final de ano no Rio de Janeiro. O alemão não se preocupou em falar de táticas, sistemas de jogo ou treinamentos. Tocou em uma ferida aberta que poucos ousam tocar.

Disse que os jogadores - no caso, os de futebol -, precisam ocupar o espaço de tempo ocioso com coisas e pessoas boas. Os jogadores ficam de 6 a 8 horas por dia, dependendo da época do ano, sem nada para fazer. E com as já citadas más companhias.

Por isso, diz Klinsmann, é importante que os clubes invistam na formação do ser humano, não investir só na formação do atleta. Depois que acaba a carreira, o que ele tem pra fazer?

É muito importante mesmo. Cruzeiro, Atlético Paranaense e São Paulo já cuidam da parte escolar de suas jovens promessas. Na Toca da Raposa, CT do Cruzeiro, tem uma escola para os alunos. Com direito a formatura ao final do ano.

Está aí um dos caminhos para que notícias como a veiculada hoje pela Folha de São Paulo passem a ser cada vez mais escassas.


Escândalo de doping faz EUA se alarmarem

Bush diz que esteróides "sujaram" beisebol do país

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia após a divulgação do relatório do ex-senador George Mitchell sobre doping na MLB (liga norte-americana de beisebol), os EUA entraram em polvorosa. É como se tivessem descoberto só anteontem que o uso de substâncias proibidas -comentado à boca pequena há décadas- é prática cotidiana em seus esportes de elite.

A acusação de que há uso deliberado de drogas ilícitas entre atletas mereceu comentário até do presidente George W. Bush, fã da modalidade e ex-proprietário de uma equipe.
"Espero que esse documento permita deixar para trás a era dos esteróides na MLB", afirmou Bush. "Tanto os jogadores como os proprietários [das equipes] devem levar o relatório Mitchell a sério."

Bush, no entanto, pediu cautela antes de punir jogadores. "Acredito que o melhor é que não haja conclusões apressadas sobre os jogadores, ainda que possamos concluir que os esteróides sujaram o esporte."

Para o presidente americano, porém, o impacto da notícia atinge diretamente a juventude do país, que tem os astros do beisebol como modelo.

Não é de hoje que há desconfiança de doping generalizado na MLB. A política antidoping da liga é tímida e já mereceu críticas de Bush em discurso anual no Congresso, em 2004.
Só em 2002 houve acordo para se aplicar testes contra esteróides anabólicos, substância que aumenta a força muscular.

O hormônio de crescimento, droga também banida pelo Código Mundial Antidoping, só foi proibido pela liga em 2005.
Várias das estrelas do beisebol foram citadas no relatório Mitchell. Entre eles estão sete MVPs (melhores jogadores da temporada), como Roger Clemens e Jose Canseco.

Dos jogadores que ainda estão em atividade, aparecem também os nomes de Jason Giambi, Eric Gagne, Paul Lo Duca, Troy Glaus, Gary Matthews Jr. e Brian Roberts.
A repercussão negativa do documento já causou perturbação na direção da liga. Bud Selig, homem forte da MLB, prometeu ação efetiva para combater o problema. Já Donald Fehr, chefe do sindicato de atletas, disse que a entidade não tinha do que se desculpar.
O relatório também repercutiu no Legislativo norte-americano, que já convocou Mitchell, Selig e Fehr a testemunharem na Câmara na terça.

O documento, de 304 páginas, lista 89 atletas que estiveram em ação na MLB desde a década de 80. Segundo o relatório, todas as 30 equipes da liga têm um ou mais jogadores já flagrados nos controles.

"Durante mais de uma década houve uso de esteróides e outras drogas proibidas entre atletas das Grandes Ligas, em violação às leis federais e à política antidoping", diz Mitchell.
Para confeccionar a lista, o político negociou até denúncia premiada. Um ex-atleta do NY Mets, cuja identidade é mantida sob sigilo, forneceu provas de que outros membros da equipe estavam envolvidos.

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